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sábado, 26 de dezembro de 2020

Música para a alma


Segundo lançamento da Pixar no ano, e o segundo acerto seguido, Soul prova que o estúdio de animação continua tendo o espírito (vejam só) no lugar certo, com entretenimento que emociona e agrada todas as idades enquanto traz mensagens inspiradoras. A lógica do mundo criado para este longa pode às vezes falhar, mas, a exemplo de Divertida Mente, há tanta criatividade em exibição que pequenos deslizes não atrapalham em nada.

Soul (idem), 2020




Além de seu design de som sublime, outro grande trunfo de O Som do Silêncio é desenvolver um tema "óbvio" (a deterioração da audição devido à exposição constante a ruídos altos), mas fugindo do óbvio, das guinadas narrativas costumeiras. Uma armadilha para clichés e um convite perfeito para o melodrama, o filme consegue evitar tudo isso ao optar por sutilezas e construir uma humanidade realista para os personagens. Riz Ahmed dá um show (perdão do trocadilho) como o protagonista, enquanto o coadjuvante Paul Raci rouba a cena como Joe, uma figura que transborda honestidade e amor genuíno com a luta pelo apoio à sua comunidade. Realizada pré-pandemia, a produção ainda consegue involuntariamente ressoar com a situação atual: a negação e o desespero juntos com o desejo quase cego, e por vezes inconsequente, de que tudo volte ao "normal", a como era antes.

O Som do Silêncio (Sound of Metal), 2020





Tanto o título nacional quanto o original levam a uma expectativa errada de A Voz Suprema do Blues, já que o filme concentra muito mais tempo nos músicos de apoio (fictícios) do que na cantora (real) Ma Rainey, a "mãe do blues". Isto seria um problema ainda maior, não fosse pela personagem de Viola Davis (em grande atuação) ser desagradável e pelo trompetista em destaque na história ser vivido por Chadwick Boseman, simplesmente brilhando em seu último papel. Um Oscar póstumo não seria média nem exagero. Poderoso no discurso, o longa poderia se elevar a outro patamar se conseguisse se desprender das limitações de uma adaptação teatral. E se deixasse o som supremo do blues rolar mais.

A Voz Suprema do Blues (Ma Rainey’s Black Bottom), 2020




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