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sábado, 29 de março de 2014

Em breve nos cinemas



Num mundo pré-popularização da internet, boa parte da diversão de ir ao cinema estava em ver trailers. Eu ficava irritado com filmes que passavam poucos (ou, pior, nenhum) antes.  Até recentemente (apesar do aparente último registro no blog ser lá de 2009), eu ainda era fã. Hoje em dia tenho tido a sensação que eles mais me atrapalham do que me instigam. Parece que algumas imagens ficam grudadas na cabeça e meu subconsciente fica martelando durante o filme: calma, ainda não aconteceu aquela tal cena, portanto tal coisa não pode acontecer agora. Tenho tentado me restringir a ver os teasers, apenas. (E o do próximo do Nolan, mais uma vez, é genial).

De qualquer forma, ainda considero o trailer quase que como uma arte à parte. Portanto, achei legal compartilhar este vídeo que conta sua história:


domingo, 23 de março de 2014

Detetive de Verdade


(Este texto contém SPOILERS pesados do final da 1a. temporada de True Detective e de Seven: Os Sete Pecados Capitais, e leves de Os Suspeitos (1995), Os Suspeitos (2013) e Filhos da Esperança)

Até mesmo uma série bem produzida e dirigida, com atuações impecáveis e roteiros afiados, como True Detective, da HBO, não escapa do furor dos internautas que cismam em julgar (erroneamente) uma obra pelo seu final. Mesmo quando o final beira à perfeição.

A primeira temporada funcionou, como prometido pelos produtores, como uma história única, um arco fechado em si. E, brilhantemente, fugiu das armadilhas do gênero thriller policial.

Utilizando o mistério por trás de um assassinato como força motriz, alguns espectadores se viram presos no paradigma do whodunit, buscando pistas a todo momento e elaborando complexas (e desnecessárias) teorias para tentar descobrir a identidade do assassino. Porém, esteve sempre claro, através das escolhas narrativas, do cuidado com o  desenvolvimento dos personagens, da ênfase no entrosamento entre a dupla protagonista mesmo quando a trama parecia pedir mais foco, que aqueles oito capítulos eram primordialmente, senão exclusivamente, sobre a jornada emocional dos detetives Rust Cohle e Marty Hart.


O tom realista empregado, que não foi abandonado nem nas poucas cenas de ação (que inclui um plano sequência de tirar o fôlego no quarto episódio), era uma dica de que, assim como acontece no mundo real, o assassino não seria um dos personagens principais/ conhecidos. Quem esperava por um final que culminaria numa grande revelação, uma reviravolta cheia de flashbacks expositivos, estava fechando os olhos e caminhando para uma anunciada decepção. Aliás, os flashbacks da série eram mais um indício disso. Enquanto em Os Suspeitos (1995), por exemplo, o recurso é usado para mostrar o que um personagem está contando, em True Detective os flashbacks mostram o que os personagens muitas vezes não estão contando, ou seja, exploram o que realmente aconteceu. E nessas revisitações ao passado, as atitudes e reações dos protagonistas são genuínas o suficiente para tirá-los da lista de suspeitos. Qualquer coisa diferente disto levaria a um desfecho forçado e incoerente com tudo o que vinha sendo construído.

Talvez por ser uma experiência tão cinematográfica, o formato tenha traído a expectativa dos espectadores. Se o cultuado Seven: Os Sete Pecados Capitais tivesse sido uma série, será que não teria havido rejeição do público quando, do nada, no antepenúltimo capítulo, simplesmente surge o assassino, um personagem totalmente desconhecido até então, pedindo pra ser preso?

O próprio Seven contribui ativamente para uma síndrome que paira sobre as produções "sérias" ou "adultas" hoje em dia. Parece haver uma regra oculta que dita que finais felizes são reservados para comédias, filmes infantis ou dramas de qualidade duvidosa. De repente, Filhos da Esperança torna-se menos respeitável por causa de seu final. "Se terminasse alguns segundos antes, seria bem melhor". O recente Os Suspeitos (2013) opta por um encerramento ambíguo (uma ambiguidade bem mixuruca, por sinal) só para fugir do final feliz.

E ter um final feliz é o segundo pecado que True Detective é acusado de cometer. Justamente o inesperado, sim, mas belo e adequado final.

Em vez de pegar a saída mais óbvia e fácil, matando Cohle, por exemplo, a série decide por dar uma dimensão maior à caminhada de seus personagens. E é irônico, mas sublime, que, após tanto maltratar religião, de diversas formas e em vários níveis, a série tenha em suas derradeiras falas uma ressonância bíblica. "Antigamente, só existia escuridão.Se me perguntar, a luz está vencendo." "No princípio era só escuridão, e Deus disse: 'Faça-se a luz'. E Deus viu que era bom."

Claro que seria muito assumir que o amargurado e niilista convicto Cohle tenha simplesmente se convertido. Mas é reconfortante ver os sinais de sua redenção, de sua superação para seguir com a vida, de seus novos traços de otimismo. A catarse que a série e o personagem precisavam.

Alguém apontou similaridades entre as falas finais de Cohle e as do personagem de Morgan Freeman em Seven: "Ernest Hemingway uma vez disse 'O mundo é um bom lugar, e vale a pena lutar por ele'. Pois eu acredito na segunda parte." São, de fato, tematicamente semelhantes. Mas há uma diferença primordial. Em Seven, o copo cheio virou meio vazio. Em True Detective o copo vazio virou meio cheio.

É recompensador constatar que depois de 17 anos os personagens finalmente se encontram em um "lugar" muito melhor do que antes. Aquela história, a de sempre, a mais antiga de todas, da luz contra escuridão, não é sempre sobre o bem contra o mal, sobre detetives contra assassinos. É também sobre a eterna luta entre e a luz e a escuridão dentro de cada um.

segunda-feira, 17 de março de 2014

Mudança de Hábito


Os dez mandamentos que um amante do cinema acaba quebrando (e nem ligando para) depois que tem filho.


I- Não substituirás o cinema por experiências com telas menores.

II- Verás filmes sem interrupções ou fragmentações em duas ou três partes.

III- Não te sujeitarás a versões dubladas, inclusive animações.

IV- Preferirás filmes longos a quaisquer séries de TV.

V- Não deixarás o volume baixo.

VI- Guardarás um dia da semana para ir ao cinema.

VII- Assistirás ao menos dez filmes inéditos por mês.

VIII- Irás no fim-de-semana de estreia das grandes produções mais aguardadas.

IX- Tentarás ler os livros fontes das adaptações cinematográficas mais recentes.

X- Não te darás a distrações, como aproveitar para jantar, enquanto estiveres vendo um filme.



terça-feira, 11 de março de 2014

Vamos ao cinema?


"Cinema é tudo igual."

"O que importa é ver o filme, o local tanto faz."

Será?

Imagine-se vendo Lawrence da Arábia neste cinema no meio do deserto do Sinai, Egito:


 (ok, ele está abandonado, mas ainda existe no GoogleMaps)


Ou que tal assistir a Tubarão neste cinema montado em 2012 para o festival Film on the Rocks Yao Noi na Tailândia?




E então: será?

terça-feira, 4 de março de 2014