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sexta-feira, 25 de março de 2016

Nossos heróis já não são mais os mesmos


Homem de Aço foi, no fim das contas, um bom filme. Mas, cheio de problemas. E, repetindo boa parte da equipe e elenco, assim também é Batman vs Superman: A Origem da Justiça.

Dependendo diretamente dos acontecimentos do filme anterior, a produção apresenta-se como uma estranha continuação. Superman já não é mais o protagonista (comprovado pelo título, pela ordem dos atores nos créditos e, aparentemente, também pelo tempo em tela). Agora o foco é em Bruce Wayne / Batman, com um Ben Affleck até surpreendendo no papel. Mas, apesar da introdução de um herói notoriamente amargurado e sombrio, é Henry Cavill quem dá a seu personagem uma incomum angústia contínua e uma eterna testa franzida, fazendo um homem de aço sem vontade de cantar uma bela canção até mesmo quando está praticando suas benfeitorias.

A sensação de "este não é o Superman que conhecemos" se aplica a quase todos os personagens. Batman, um detetive por origem, parece cego como um morcego. A intrépida repórter Lois Lane parece ter assumido de vez o posto de donzela em perigo.  E o mordomo Alfred virou Lucius Fox. Mas, nenhuma dessas mudanças atrapalham (tanto) como Lex Luthor. O calculista, intelectual, estrategista vilão virou um playboy mimado, sociopata / psicopata que só quer ver o circo pegar fogo.

Só Mulher-Maravilha aparece sendo ela mesma, com direito a entrada triunfal, marcante tema musical próprio, portando os tradicionais braceletes e usando seu laço da verdade. Só não deu pra ver o avião invisível. Mesmo assim, pouquíssimo é dito sobre quem é Diana Prince que, se não fosse por uma aeromoça aleatória chamando por "Sra. Prince!", talvez um desavisado sairia do cinema sem sequer saber o nome dela. O que ela faz, de onde veio, para onde vai, só no Globo Repor... ops... só no filme solo dela ano que vem, claro. Aliás, ela poderia ter sido uma grande surpresa, se o marketing do filme tivesse sido mais bem cuidado, e cuidadoso.


Mais preocupante que as personalidades e características dos personagens, são suas motivações. No caso, falta delas. Da ausência de clareza (ou sentido) nas intenções e objetivos de Lex Luthor, passando pelo "uso" de quase todos personagens secundários, até a grande resolução de Batman, as coisas parecem se desenrolar artificialmente, com a mera função de mover o roteiro para a próxima (empolgante e grandiosa, é verdade) cena de ação. O que acabou ficando corriqueiro poderia ter sido bem trabalhado sem necessariamente implicar num aumento do tempo de projeção, já com excessivas duas horas e meia. Bastaria o corte das inúmeras (e inúteis) cenas de sonho de Bruce Wayne, que servem apenas para dar vazão a tradicionais Snyderices, com situações e figuras que não pertenceriam (e de fato não pertencem) a este universo.

Outra questão que vai direto pra conta do Zack Snyder é o excesso de alegorias e referências religiosas que, se já marcaram o filme Homem de Aço, aqui parecem intermináveis e gritantes. Sutileza, aliás, não é o forte do diretor. Preocupado com uma das várias reclamações do público à produção anterior do Superman, a destruição generalizada de Metrópolis e consequente perda de milhares de vidas inocentes, Snyder apresenta este elemento como um item planejado, essencial para o desenvolvimento da trama de Batman vs Superman. Mas, o que poderia ter ficado restrito ao interessante flashback inicial, sob o ponto de vista de Wayne, infelizmente é martelado durante toda a história, incluindo nas cenas finais com um "o inimigo está numa parte deserta da cidade" e, poucos minutos depois, "por que o trouxe de volta para a cidade?", "este porto está abandonado" (ou seja, "podemos destruir tudo sem ninguém encher o saco depois no Twitter").

- Atenção: SPOILERS no próximo parágrafo!

A sequência final é também problemática. Poderia ser única e especial, mas a experiência do filme foi estragada mais uma vez pelo marketing, junto com o detalhezinho estilo Nolan - caiu o peão ou não? - nos últimos segundos antes dos créditos finais. Usa-se bastante tempo e é pedido um envolvimento emocional enorme da plateia acerca da morte do Superman. O impacto poderia ser, de fato, sentido, tanto por quem leu os quadrinhos e não acreditaria que os produtores teriam coragem de chegar ao ponto de Apocalypse matar mesmo Superman, quanto para quem não tivesse a mínima ideia do que estava por vir. Se não fosse o fato de já ser conhecido por todos de que Henry Cavill está escalado para, no mínimo, os dois vindouros filmes da Liga da Justiça.

Sob uma ótica mais super... ficial, Batman vs Superman, é uma boa (se despretensiosa) ida ao cinema, e um bom aperitivo para os futuros filmes dos heróis da DC.


Batman vs Superman: A Origem da Justiça (Batman v Superman: Dawn of Justice), 2016

domingo, 20 de março de 2016

Fica a dica, Padilha


José Padilha anunciou esta semana que, além da segunda temporada de Narcos, está negociada também com a Netflix a produção de uma outra série internacional, a Jet-Wash (título provisório). Sim, uma série policial sobre a Operação Lava-Jato.

E haja personagem! São tantos que já vou dando minhas sugestões de atores pro Padilha:


Nestor Cerveró - Jonathan Pryce

Graça Foster - Fiona Shaw

Eduardo Cunha - Tracy Letts

Aécio Neves - Sebastian Koch

Dilma Roussef - Kathy Bates
 
Japonês da Federal - Takeshi Kitano

Lula - Alfred Molina

Sérgio Moro - Benicio Del Toro


E aí? Indicariam outros atores para ocupar estes papéis?
E para Youssef? Temer? Delcídio? Janot? Marcelo Odebrecht?

(Posts relacionados: escalando atores para ThundercatsTartarugas NinjaHe-ManJetsonsOnde Está Wally e Diretores)

sábado, 19 de março de 2016

Agora você vê, agora não vê mais...


Na semana mais politicamente conturbada que já vi em toda minha vida (até agora, como disse Homer para Bart em Os Simpsons: O Filme), uma coisa interessante aconteceu. Foram divulgados os cartazes "retrô" dos personagens principais de Truque de Mestre 2.

E deu pra conhecer o curioso nome e o estranho possível truque da novata na história, Lizzy Caplan...







Presságio? Mensagem pseudo-subliminar? Conspiração? Intriga da oposição?

Ou só uma enorme e irônica coincidência e eu estou enxergado escritura de sítio e triplex onde não há?

quinta-feira, 17 de março de 2016

O talentoso aloprado


Minha admiração por Jerry Lewis vem de longa data. Minha mãe sempre foi fã de carteirinha e reunir a família nas tardes de sábado em frente à TV para assistir ao saudoso 'Festival Jerry Lewis' era programa obrigatório. E prazeroso.

Com o passar do tempo, seria bem provável que os encantos daquelas comédias de fácil consumo (universais e diretas, não sem talento) se dissipassem, pois poucas coisas sobrevivem à ruptura com a infância na adolescência. Porém, como uma lembrança fortemente enraizada ou um ente muito querido, os filmes de Jerry Lewis não só continuaram de meu agrado, como também vi despertar o interesse de conhecer mais sobre o artista.


Foi lendo sua autobiografia, "Dean and Me: A Love Story", que aprendi a gostar de Dean Martin (que, como dizia minha mãe, era "um chato" - por isso havia uma pequena comemoração quando o filme daquele sábado era da fase sem o Martin) e também passei a entender a importância da presença dele na vida pessoal e na formação artística de Jerry.

Confesso que "depois de velho" revisitei muito pouco sua obra, o que não foi impeditivo para aumentar minha estima por seu trabalho. O livro "The Total Film-maker", compilado em 1971 a partir de aulas de cinema dadas por ele na University of Southern California, além de trazer uma visão exclusiva, didática e completa de todo o processo de criação, produção e distribuição de um filme, transparece também o conhecimento, a experiência e a genialidade embutidos na 'loucura' do habilidoso ator-diretor-cantor-compositor-dançarino-roteirista-produtor. Uma verdadeira joia para qualquer um interessado em cinema.

E suas últimas páginas trazem a cereja no topo do bolo. Depois de desenvolver vários temas mencionando seus ídolos (sobretudo Chaplin), suas referências do passado e externando casos e exemplos de seus contemporâneos, Jerry Lewis resolve ponderar sobre o futuro, as promessas da indústria cinematográfica americana. Então ele menciona apenas um nome, o nome. "Recently I saw a film made by a twenty-one-year-old, Steven Spielberg. It was twenty-four minutes of film called 'Amblin', produced for around $17,000. It rocked me back. He displayed an amazing knowledge of film-making as well as creative talent." Reconhecer o talento do Spielberg hoje é muito fácil. Reconhecer em 1970, antes mesmo de Encurralado, é para os diferenciados.

Ontem Jerry Lewis fez 90 anos. A vontade é aplaudi-lo de pé, por 90 minutos.

terça-feira, 15 de março de 2016

IJ5: Uma Nova Chance


Extra! Extra! Press-release da Disney!!!


SPIELBERG AND FORD REUNITE AS INDIANA JONES RETURNS TO THEATERS JULY 19, 2019

Indiana Jones will return to the big screen on July 19, 2019, for a fifth epic adventure in the blockbuster series. Steven Spielberg, who directed all four previous films, will helm the as-yet-untitled project with star Harrison Ford reprising his iconic role. Franchise veterans Kathleen Kennedy and Frank Marshall will produce.

“Indiana Jones is one of the greatest heroes in cinematic history, and we can’t wait to bring him back to the screen in 2019,” said Alan Horn, Chairman, The Walt Disney Studios. “It’s rare to have such a perfect combination of director, producers, actor and role, and we couldn’t be more excited to embark on this adventure with Harrison and Steven.”

Famed archaeologist and explorer Indiana Jones was introduced in 1981’s Raiders of the Lost Ark – one of AFI’s 100 Greatest American Films of All Time – and later thrilled audiences in 1984’s Indiana Jones and the Temple of Doom, 1989’s Indiana Jones and the Last Crusade, and 2008’s Indiana Jones and the Kingdom of the Crystal Skull. The four films have brought in nearly $2 billion at the global box office.


E a melhor parte da notícia: alguém leu 'George Lucas' aí???

(PS.: fica uma dica)

domingo, 13 de março de 2016

O Dragão Guerreiro Ressurge


Mesmo torcendo legitimamente pela DreamWorks Animation - por conta de seu fundador e por acreditar que ter boas empresas no mercado faz os concorrentes buscarem melhores resultados (monopólio pode estragar vocês, ok, Disney e Pixar?) - nunca consegui ser cativado pelo Kung Fu Panda, assim como fui pelo Shrek, por exemplo. Consequência disto é que sequer vi o Kung Fu Panda 2 nos cinemas, enquanto marquei presença para acompanhar na telona todas as quatro aventuras do ogro verde.

Portanto, foi com um pé atrás que fui conferir Kung Fu Panda 3. Se o segundo filme já tinha demonstrado sinais de perda dos encantos do original, e a DreamWorks já tinha pisado na bola com os decepcionantes Shrek Terceiro e Shrek Para Sempre, as perspectivas não eram nada boas. E, talvez por esta baixa expectativa, o novo filme do urso Po acabou sendo uma grata surpresa.


Não que sua história seja um primor, aliás é muito similar em estrutura com os dois anteriores: Po precisa sair de sua zona de conforto, se transformar em algum tipo de mestre que quase todos (inclusive ele) não acreditam que seja possível, ao mesmo tempo em que uma imbatível nova ameaça surge (que, claro, somente ele acabará detendo).

Mas, talvez a espera de cinco anos desde a última produção (os quatro Shreks, por exemplo, foram separados por três anos entre si) tenha dado aos realizadores tempo de desenvolver o filme e não se entregar a (somente) piadinhas fáceis e referências óbvias. É curioso como que novos personagens dividem com Po boa parte do tempo em tela, e a produção teve coragem de deixar atores de peso como Lucy Liu, Jackie Chan, Seth Rogen e até mesmo Angelina Jolie, com poucas falas, sem forçar a barra para aumentar suas participações.

Só que o principal diferencial de Kung Fu Panda 3 é que o filme aparenta fechar uma trilogia realmente planejada, mostrando segurança nas conexões estabelecidas tanto com o primeiro filme, quanto com o segundo (similar à sensação que O Cavaleiro das Trevas Ressurge passa).

Porém, bastou dar uma pesquisada na internet para descobrir que a DreamWorks divulgou que este não é o último filme da franquia, tendo mais três esperados dentro de seu planejamento. É, não tem como fugir da realidade que move a indústria cinematográfica. Resta torcer para que Kung Fu Panda 4 chegue daqui a cinco anos (ou mais).