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terça-feira, 24 de setembro de 2013

Mande um corvo


Rápido comentário geral spoiler-free de Game of Thrones:

Engraçado como que o escritor George R.R. Martin criou um mundo fantasioso que se sustenta em um sistema de telecomunicação extremamente eficaz, disponível e rápido.

Será que a TIM pode aprender algo com os corvos?


segunda-feira, 23 de setembro de 2013

MTViu


Com essa confusão toda de acaba, não acaba, muda para TV fechada (e o que muda?) me peguei com pensamentos nostálgicos dos primeiros dez anos da MTV no Brasil.

Sem YouTube (aliás, sem internet), ali era meu refúgio para ver as novidades da música internacional e nacional, principalmente Pato Fu, Skank, Karnak, Tianastácia, Chico Science e Nação Zumbi, J. Quest, Maskavo Roots e Virna Lisi. Época de surgimento (ou consolidação) também de Raimundos, Planet Hemp, O Rappa, Gabriel o Pensador, Charlie Brown Jr., Mundo Livre S/A, Cidade Negra, entre outros, os artistas brasileiros da década de 90 se beneficiaram, em muito, com a proposta da emissora.

Pensando ter vivenciado uma "época de ouro" da música nacional, rapidamente comecei a me lembrar dos one-hit wonders que apareceram então...

Akundum (Emaconhada)
Baba Cósmica (Sábado de sol)
Cabeçudos (PNC)
Comunidade NinJitsu (Detetive)
Fincabaute (Coisa de maluco)
Maria do Relento (Conhece o Mário?, Ritmo de festa)
Mestre Ambrósio (Se Zé Limeira dançasse maracatu)
Mulheres Q Dizem Sim (Eu sou melhor que você)
Nepal (E eu)
Omeriah (Dois neguinhos, Sina)
Os Ostras (Uma, duas ou três, Cai na água José)
Paulo Francis Vai Pro Céu (Perdidos no espaço)
Penélope Charmosa (Namorinho de portão)
PO Box (Papo de jacaré)
Profeta (Eliane Galileu)
Que Fim Levou Robin (Que fim levou Robin)
Rotnitxe (Reggae da polícia)
Skamoondongos (Pobre plebeu)
Skuba (Triado, Não existe mulher feia)
Tantra (Tropicália)
Os Virgulóides (Bagulho no bumba)

Certamente, se esforçasse um pouquinho mais (e incluísse categorias que passo longe, como sertanejo, pagode e axé) muito mais obscuridades viriam à tona.

O interessante é que quase 80% destas bandas estavam no mesmo micro-zeitgeist que os Mamonas Assassinas, optando pelo humor e muitas vezes por letras toscas ou de duplo sentido. Muita coisa ruim acabou sumindo, felizmente. E, no processo democrático com tantas opções, algumas coisas boas acabaram se perdendo, infelizmente.

O fato é que, mesmo salteada com bandas ruins, a MTV das minhas lembranças nostálgicas é infinitamente melhor que a MTV das minhas lembranças recentes.



quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Once Upon a Time in the Westeros...

-Recomendado apenas para quem já assistiu até o fim da 3a. temporada de Game of Thrones-

Resolvi poder voltar à sociedade e participar de discussões sobre entretenimento em geral. Nas últimas semanas passei de uma pessoa com (quase) zero conhecimento sobre Game of Thrones para um futuro ávido seguidor semanal da série.


Antes de me aventurar, a referência inicial era sempre a mesma: "é uma série adulta, há muita violência, nudez, sexo e linguagem inapropriada, que choca e surpreende constantemente". Mas nada poderia me preparar para o episódio mais recente que assisti, o penúltimo já exibido até o momento, "The Rains of Castamere".

Além de ótima produção, roteiros afiados e ótima atuação em geral, essa produção da HBO sempre teve uma trilha sonora impecável, desde seu tema (com a bem bolada sequência de abertura que muda com as temporadas, conforme a relevância de momento das referências geográficas), passando pela trilha em si dos episódios e pelas canções originais, até, e principalmente, as escolhas feitas para acompanharem os créditos finais. A grande maioria das vezes assisti até ao fim do letreiro só para ouvir a canção ou tema executado. Por opção. Só que com este episódio, acompanhei os créditos na sua integridade por falta de reação. Não havia música. Apenas um hipnotizante, e apropriado, silêncio mórbido. Atônito, não consegui desligar.

Interessante foi receber um link de um vídeo com a compilação das reações de várias pessoas que assistiam ao episódio. Parece que, de tão impactante, existem vários outros similares YouTube afora.

http://www.youtube.com/watch?v=78juOpTM3tE (com spoilers pra quem não viu até o fim da 3a. temporada)

Boa ficção faz isso: envolve e depois convida a rir ou chorar.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Esse é o truque


Em determinado momento de seu número, no Festival Planeta Mágica deste fim-de-semana em BH, o ilusionista brasiliense Guilherme Ávila segurava o baralho completo com a mão esquerda e prometia adivinhar a carta que um membro da platéia havia assinado. Em vez de simplesmente mostrá-la, pediu ao escolhido para enfiar a mão em seu bolso direito. Sentindo apenas uma carta no bolso, o rapaz puxou a carta e... não era ela. Aparentando estar constrangido, o mágico pediu que o rapaz verificasse o bolso novamente. Para surpresa geral, o bolso não estava mais vazio e várias cartas foram sendo tiradas. Então Guilherme anunciou que todas as cartas foram parar em seu bolso e apenas uma havia sobrado em sua mão esquerda - a carta assinada!

O que cativa neste truque nem é tanto o fato de mais cartas aparecerem no bolso, nem da carta selecionada ser revelada corretamente, mas sim como o mágico consegue cativar e distrair a platéia a ponto desta perder o momento em que um baralho inteiro vira uma única carta em sua mão esquerda - que estava esticada e à vista de todos o tempo todo. O público poderia ter descoberto o truque, mas se deixou levar pelo espetáculo.

"Você está procurando o segredo... mas você não vai encontrá-lo, porque, claro, você não está olhando de verdade" diz o personagem de Michael Caine em determinado momento do excelente O Grande Truque.

Com filmes que prometem reviravoltas - e todos que possuem a temática de mágica e/ou "truque" no título prometem - é a mesma coisa. A reviravolta só emplaca se dicas forem sendo dadas ao longo do filme e o espectador finalmente descobre que simplesmente não estava prestando atenção nas coisas corretas. Ele poderia ter descoberto o mistério (ao fixar os olhos na mão esquerda do ilusionista), mas se deixou enganar pelo espetáculo. É por isso que muitos acham difícil gostar de O Livro de Eli, enquanto O Sexto Sentido é elogiado quase que unanimemente.


Neste cenário, Truque de Mestre, que está naquele período pós-cinema e pré-DVD, infelizmente está no rol dos que tendem a juntar seguidores do primeiro grupo. O filme é uma boa diversão, sem dúvida, mas peca com sua reviravolta final. Há distrações (não, sr. Louis Leterrier, não são os  travellings circulares incessantes - estes distraem realmente, mas não de uma maneira positiva). Mas, não há dicas. A oportunidade do espectador ser surpreendido, justamente porque olhou para o lado errado, inexiste. Uma segunda conferida no filme deve apenas tirar um pouco de seu brilho, e não acrescentar, como acontece com outros filmes neste estilo.

Desta forma, resta o consolo de que, mistério resolvido, a anunciada continuação deve focar mais tempo nos personagens, potencialmente interessantes, mas por hora deixados de lado em prol de uma revelação não tão interessante.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Idade


Tem gente que tem memória boa para fisionomias, datas, números, telefones, fórmulas, nomes de pessoas, remédios... Se a minha funciona bem alguma vez é para coisas inúteis e filmes (os infiéis não veriam diferença nisso, mas deixo-os à mercê da misericórdia do Rei Joffrey).

Para lembrar a idade de familiares, por exemplo, desenvolvi um sistema de associação mental simples: como, por algum motivo, consigo facilmente me lembrar dos anos de lançamento de vários filmes, resolvi rebatizar as pessoas com filmes lançados nos anos de seus nascimentos.

Por princípio, evito divulgar informações de cunho pessoal aqui, mas nesse caso preciso exemplificar: meu pai, de 1945, virou Quando Fala o Coração, meu irmão, de 1985, se tornou De Volta Para o Futuro e eu, de 1977, acabei como Contatos Imediatos do Terceiro Grau (não que eu precise disto pra lembrar minha idade, mas é que todo mundo pergunta qual o meu filme quando conto minha estratégia).

Evitei exemplificar com mulheres, que odeiam o tema idade, mas vou precisar citar uma: a que motivou este post. Ela, Curtindo a Vida Adoidado desde sempre (ou desde que me conheceu), achou super interessante ao se deparar hoje com a seguinte mensagem:


A ironia é ver isto numa época em que trabalho e cursos a submetem a uma maratona de mais de 36 horas direto sem dormir, por semana.

Mas, não se chateie: pense se tivesse nascido alguns meses depois, no ano seguinte, virando Bom Dia, Vietnã numa época em que a Dilma estivesse fazendo um contra-programa de exportação de profissionais chamado 'Menos Médicos'.