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quinta-feira, 30 de junho de 2016

O Padeçômetro


Há alguns meses, foi inaugurado no blog o padeçômetro.

Desde então, todos os textos específicos sobre algum filme ou série de TV passaram a ser acompanhados do comumente polêmico, algumas vezes injusto e não raramente incoerente (mas sempre divertido) sistema de pontuação em estrelas (no caso, logotipozinhos do padecin).

Indo de 0 a 5, e variando de 0,5 em 0,5, esta foi a escala adotada:




Qual a nota do padeçômetro?

sábado, 25 de junho de 2016

Poola esse


Quando passou pelos cinemas, Deadpool foi venerado por concretizar exatamente o que os fãs do personagem sonhavam como adaptação. Além da fidelidade com as HQs, os elogios eram direcionados também para seu estilo que, repleto de auto-paródia, se recusava a se levar a sério. As críticas foram altamente positivas, as bilheterias resultaram num recorde para filmes de censura 'R' (Restricted - recomendado para maiores de 17 anos) e o boca a boca foi animador.

Mesmo com tanta recomendação, foi com relutância que resolvi dar uma chance à produção, na tela da TV. Confesso que já de cara, nos engraçadinhos créditos iniciais, fui fisgado e logo fiquei encucado: será que este filme poderia ser realmente surpreendente, um ponto fora da curva?

Bem, a reposta é um... pouco menos relutante... 'não'.


As incontáveis referências, seja a outras propriedades da Marvel, à rival DC ou a outros filmes quaisquer, e o recorrente uso da metalinguagem de forma cômica dão um toque especial e injetam um ar de novidade, mesmo oscilando entre o genial e o óbvio sem discernimento. Deadpool parece uma mescla de Curtindo A Vida Adoidado com filmes do Mel Brooks, fantasiada de blockbuster e regada a violência gráfica com pitadas de nudez e sexo. O humor frenético diverte, mas as infindáveis piadas e gags visuais sobre pênis e bunda cansam rapidamente. A metralhadora de xingamentos parece saída das comédias teatrais sem conteúdo, que acreditam piamente que apelar para palavrões incessantes é uma solução para fazer rir.

Mesmo se esforçando para ser tão diferente em tom e estilo dos outros filmes de super-herói, a narrativa não consegue fugir dos clichês mais básicos de enredo. 'Cara desvirtuado conhece garota que pode o tornar uma pessoa melhor. Casal tem ótimos momentos juntos. Cara descobre doença terminal e abandona garota, para o bem dela. Cara tenta solução extrema para poder voltar para garota. Vilão acaba deformando o cara, que parte em busca de vingança, pois teme ser rejeitado pela garota. Cara começa a aniquilar aliados do vilão. Vilão descobre que para chegar no cara, precisa sequestrar a garota. Garota deixa objeto marcante no chão para o cara descobrir que foi levada. Cara derrota o vilão e salva a garota. Garota aceita o cara como ele é, mesmo deformado.'

E nessa história super-básica estão personagens super-banais (ironicamente como o letreiro inicial já havia anunciado, mas que todos, inclusive eu, acreditaram que era só uma piadinha): a donzela em apuros, o vilão sem motivações plausíveis, o ajudante alívio cômico, os heróis secundários que ninguém conhece e os inúmeros capangas que estão ali para serem mortos. Nenhum deles passam do unidimensional, têm histórico, nem se desenvolvem de alguma forma. Ryan Reynolds pode até ter "nascido para viver Deadpool", como muitos disseram por aí, mas definitivamente seu irritante e superficial Wade Wilson não conquista um lugar no rol de (anti-)heróis a serem lembrados.

Nem mesmo a ação, usualmente ponto forte neste tipo de filme, chega a marcar. Há somente uma grande e empolgante sequência, que nem é no clímax da história, e o confronto final com o vilão é sem tempero e desaponta. Os efeitos visuais, no entanto, transportam para o filme, diretamente dos quadrinhos e animações, uma inovação positiva: a máscara que o herói usa já não é mais estática e, com a ajuda de computação gráfica, os entornos de olhos e boca se movimentam de forma a modelar as expressões faciais de acordo com o sentimento momentâneo do personagem. Aparentemente, a se julgar pelo novo Homem-Aranha visto em Capitão América: Guerra Civil, uma nova e bem vinda tendência.

Pelo sucesso que fez, Deadpool parte para uma inevitável sequência. Resta saber se, passado o encantamento inicial, haverá vigor para a longevidade da franquia.  Eu poderia até entrar num "dead pool" pra apostar qual franquia de super-herói que morre primeiro, mas a verdade é que... francamente, eu não dou a mínima. (No original em inglês: "Frankly, my darling, I don't give a f***!")

Deadpool (Deadpool), 2016




quarta-feira, 22 de junho de 2016

Além do voo de vassoura


A Bruxa se tornou obrigatório para qualquer fã de terror após Stephen King ter declarado o medo que sentiu ao ver este filme "real, tenso, instigante e visceral". O Sr. King está corretíssimo em suas afirmações, mas se engana quem achar que esta produção segue os padrões e conceitos básicos do gênero para levar ao medo. Pelo contrário, o mérito do filme é não cair em clichês nem recorrer a sustos óbvios. Centrando em um intimista drama familiar, A Bruxa não é para agradar qualquer fã de terror.

Abrindo em uma pequena comunidade colonial nos Estados Unidos, o longa rapidamente passa a focar apenas num grupo restrito, mas não desinteressante, de personagens. Como a força motriz não é a história em si, mas a jornada emocional de uma família, a atuação é elemento-chave para o filme funcionar bem. Suportados por figurinos e maquiagens precisos, os atores fazem um excelente trabalho de sotaque, uso de vocabulário e maneirismos de época, trazendo o público para um crível mundo de 1630. Os desempenhos são realmente marcantes, tanto dos adultos, quanto das crianças, e a dinâmica de paranoia, de autodepreciação e de limitação de visão do mundo, mas também de amor, de apego às raízes e de vida em família, é expressada com toda contradição típica de uma sincera humanidade.


Mesmo não demorando para estabelecer que há elementos sobrenaturais na narrativa, o clima realista e o drama pessoal tomam conta da maior parte da projeção. O roteiro se desenvolve com constante tensão e amarra muito bem ações e conversas que surgem de forma orgânica e casual no primeiro ato, com desdobramentos e consequências impactantes no terceiro ato. Utilizando bem uma fotografia que se aproveita da luz natural, o filme consegue explorar os cenários - floresta e fazenda - para criar medo a partir de elementos cotidianos, dos quais não se pode fugir ou evitar. Tudo com ajuda, claro, de uma apavorante trilha sonora que não se parece com outras de praxe do gênero. Até mesmo uma típica risada de bruxa aqui soa atípica e dá mais calafrios que o esperado.

Se a inclusão do subtítulo "Um folclore da Nova Inglaterra" no original em inglês é um alento para deixar os espectadores menos impressionados, a afirmação no final de que seria baseado em "contos históricos e relatos sobre a bruxaria, incluindo diários e documentos judiciais da época" é de causar arrepios. Não pela hipótese da real existência de bruxas conforme ali proposto, mas pela constatação de que atitudes, diálogos e a maneira de pensar em geral, retratados nesta obra de ficção provavelmente ocorreram de forma muito similar no passado. E, pior: perceber que quase 400 anos depois ainda há extremismo religioso, repressão ao que é considerado fanatismo religioso, aversão ao desconhecido e repulsa ao diferente. Ainda há caça às bruxas.

Em seu arco, a personagem principal consegue se libertar de um paradigma que a consumia e a destruía aos poucos. No entanto, o final não é, nem de longe, feliz. Ela acaba abraçando um padrão bem mais fácil, mas proporcionalmente bem mais sombrio e penoso. Mas, mais triste ainda seria se, assim como na vida real, não houvesse elemento sobrenatural na equação desta transformação.

A Bruxa (The Witch ou The VVitch: A New-England Folktale), 2016

quarta-feira, 15 de junho de 2016

HAL 9000, roteirista


O que acontece se um cineasta decidir filmar um curta-metragem utilizando um roteiro escrito inteiramente por uma inteligência artificial?

Sunspring:



Sinceramente?

Agora estou convicto de que Kubrick terceirizou algumas partes do roteiro de 2001 - Uma Odisseia no Espaço (e, de quebra, de Laranja Mecânica) para o próprio HAL 9000.

E depois deu essa ideia pra David Cronenberg, David Lynch e Terrence Malick.

terça-feira, 7 de junho de 2016

km42195 - os 42,195km


Corre, Forrest, corre.
Corra, Lola, corra.
Corram, todos, corram.

Chegou o grande season finale do km42195.



Valeu cada minuto.

domingo, 5 de junho de 2016

Mandyvagar


Nunca imaginei que este tipo de coisa algum dia fosse passar despercebido por mim, mas... ontem tive um momento 'uarafóc' inimaginável.

A Princesa Prometida teve seu lugar em uma fase da minha vida em que ver e rever um mesmo filme era uma prática constante. E este, mais do que naturalmente, era um dos que eram revisitados com frequência. Fantasia, aventura, comédia, ação e trilha sonora do Mark Knopfler, tudo junto. Não tinha erro. Então, nunca cheguei a me esquecer dos personagens deste filme de 1987... Especialmente este abaixo, da famosa frase "I am Inigo Montoya. You killed my father. Prepare to die.":



Cerca de uns três anos atrás me viciei em Homeland. E, dentre tantas coisas interessantes, comecei a curtir também a ótima atuação de um tal Mandy Patinkin. Como não o conhecia de rosto, fiz uma rápida pesquisa que me levou a descobrir que já era um conhecido ator de séries, como o drama médico Chicago Hope, pelo qual havia vencido até um Emmy.

Até que ontem, lendo alguma curiosidade sobre A Princesa Prometida, me deparei com o nome do ator Mandy Patinkin.

Inigo Montoya é...


...Saul Berenson!

Uarafóc?!?! :O

(agora só faltam me dizer que A princesa prometida é Claire Underwood de House of Cards...)