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terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Gotta dance!


Na primeira frase do meu comentário sobre La La Land fiz uma afirmação de supetão, que depois temi estar equivocado. Assim, resolvi elencar os melhores musicais de todos os tempos (na minha opinião) para ver quantos foram lançados entre o final da década de 1930 e início da de 1960.

Acho que eu estava certo. Ou pelo menos sou coerente comigo mesmo.

Os dez melhores musicais da história (excluindo animações):


01. Cantando na Chuva (1952)

02. A Noviça Rebelde (1965)

03. O Mágico de Oz (1939)

04. Sinfonia de Paris (1951)

05. Amor, Sublime Amor (1961)

06. Mary Poppins (1964)

07. O Picolino (1935)

08. Minha Bela Dama (1964)

09. Grease: Nos Tempos da Brilhantina (1978)

10. La La Land: Cantando Estações (2016)


Top 10 menções honrosas (ou restante do Top 20, em ordem de lançamento):
Nasce Uma Estrela (1954), Sete Noivas para Sete Irmãos (1954), Eles e Elas (1955), Dançando nas Nuvens (1955), Meias de Seda (1957), Oliver! (1968), Os Saltimbancos Trapalhões (1981), Dirty Dancing: Ritmo Quente (1987), Chicago (2002), O Fantasma da Ópera (2004)


Aproveitando a onda, vale compartilhar este vídeo que traz lado a lado muitas das referências/ homenagens de La La Land:


Agora é oficial: La la land é o Stranger Things dos musicais. 

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

E a moçada pediu bis


Após seus primeiros minutos fica difícil situar Os Saltimbancos Trapalhões: Rumo a Hollywood em relação ao clássico de 1981. Não é uma continuação, pois as histórias não estão conectadas e personagens repetidos são interpretados por outros atores. Talvez seja um reboot, mas reutilizar atores repetidos, no caso Didi e Dedé, em tal não faria sentido. Enfim, o jeito é fazer uma daquelas várias abstrações que o público infantil e/ ou de comédia nacional está tão acostumado e relaxar para se divertir.

Existem inúmeros problemas com o filme em si que, de tanto ator e pouco personagem, chega a ser uma injustiça compará-lo ao original. Mas, mesmo fazendo isso, há alguns bons acertos. As canções foram repaginadas na medida certa, sem "estragar" as originais, como muitos poderiam dizer por aí (inclusive a que foi mais remodelada, 'A Cidade dos Artistas', ficou muito superior à original). As intenções dos vilões são amenizadas e, assim, mais adequadas para o público alvo. Aliás, o Barão deixa de ser um ganancioso explorador dos trabalhadores e passa a ser um empresário falido. Tornando-se vítima, a tocha de vilão-mor é passada para um inescrupuloso político, o prefeito da cidade. Sinal dos tempos.


Porém, o maior acerto de todos é que a produção não introduz substitutos para os insubstituíveis Mussum e Zacarias. Ao longo de toda projeção fica evidente que a ausência deles pesa muito. Mas, isto é muito mais sábio que trilhar o desrespeitoso e infeliz caminho que o próprio Renato Aragão apoiou em seus programas dominicais após o fim do quarteto.

De qualquer forma, o eterno Didi merece aplausos. Por toda sua carreira. E no final do filme recebe estes aplausos. Mais que o personagem em si, é Renato Aragão quem está sendo aclamado pelo público. Nem tanto pelo espetáculo que acabou de se desenrolar, mas por toda uma obra em vida. E Dedé, e Mussum e Zacarias também fazem parte, muito significativa, disso tudo. De alguma forma, o diretor João Daniel Tikhomiroff manipulou os sentimentos de Renato para obter as sinceras lágrimas da última cena. E ele também manipula o público com pequenas inserções de imagem que nada, absolutamente nada, têm a ver com o filme, mas que tocam o coração. Funciona e os "da poltrona" emocionados -como não estar?- agradecem e saem do cinema suspirando nostalgia.

É isto. Este filme não é uma continuação, nem um reboot. É uma homenagem.
E, infelizmente, aparenta ser também uma despedida.


Os Saltimbancos Trapalhões: Rumo a Hollywood (Nacional), 2017




domingo, 22 de janeiro de 2017

Animais soturnos


Tom Ford é um estilista americano. Não é de se assustar, portanto, que sua segunda empreitada como cineasta, Animais Noturnos, seja uma demonstração de estilo sobre conteúdo. O que estranha é que nem tão estiloso é assim.

A narrativa se desenvolve em torno de Susan, uma produtora de arte deprimida que está com seu casamento indo para o buraco, e do livro que ela está lendo, a primeira cópia da história que seu ex-marido escreveu e está para publicar. No "mudo real" há pouca coisa acontecendo além das angústias da personagem vivida por Amy Adams. A história dentro da história é a tensa e violenta (mas básica e banal) jornada de vingança do personagem que é vivido por Jake Gyllenhaal (em papel duplo, que faz também o escritor, ex-marido de Susan).


Se há algo que realmente salva são os atores, esbanjando um talento superior e incompatível com a produção em que estão. Mas, pode ser que o que os tenha atraído tenha se perdido na (muitas vezes esquisita) edição. Não que a maioria dos problemas não pudesse ser detectado na fase de roteiro ainda. Michael Shannon, por exemplo, exagera em determinada cena como se quisesse pontuar o velho (e batido) clichê que lhe deram: se alguém tosse em cena é porque vai ser revelado que ele tem uma doença terminal.

Tom Ford ainda encerra seu longa com um final supostamente ambíguo, para dar um toque artístico e deixar em aberto possíveis interpretações sobre os paralelos entre os personagens, qual a verdadeira vingança e blá blá blá. Mas, a essa altura, quem ainda está com atenção presa tem que tomar cuidado, pois o filme é tão raso que há risco de bater a cabeça se tentar se aprofundar.


Animais Noturnos (Nocturnal Animals), 2016




terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Encantando estações


Está na Era de Ouro de Hollywood a maior concentração de títulos dentre os melhores filmes de um formato que acabou se tornando um gênero: o musical. Ambiciosos e carregados de criatividade, os musicais eram veículos não só para contar uma boa história, mas também para expor os talentos de atores, cantores, dançarinos, coreógrafos ou compositores (ou, na maior parte dos casos, de artistas que combinavam duas ou mais destas funções). De lá para cá, excetuando algumas animações, os musicais perderam sua ousadia e originalidade: passaram a se resumir a adaptações de sucessos da Broadway (ou do West End) ou se limitaram a mesclar histórias "novas" com canções já mundialmente consagradas.

La La Land: Cantando Estações veio para mudar este estigma. Apoiando-se na química entre Emma Stone e Ryan Gosling (que não são exímios dançarinos ou cantores, mas triunfam pelo esforço), a produção demonstra maturidade em confiar que o público atual pode e quer consumir novas canções e números musicais à moda antiga.


Não que o filme seja antiquado, pelo contrário. A história se desenrola em uma Los Angeles quase atemporal, onde as pessoas chegam até a se vestir em um estilo anos 60 ao mesmo tempo em que usam smartphones e assistem YouTube. Mas, não é só a ambientação que é atual, Damien Chazelle não se perde em meio a chamadas visuais a clássicos e imprime vigor e modernidade à sua direção. A já memorável sequência de abertura, por exemplo, é executada em um estonteante plano-sequência.

Chazelle também assina o roteiro (básico em essência, mas com boas sacadas) e não deixa sua história sobre a luta pelos sonhos cair em muitos convencionalismos e clichês dos romances, desde a canção que parece se apresentar como o tema de amor sob uma linda vista da cidade, até a emotiva sequência final. É uma pena, porém, que no segundo ato acabe se esquecendo de que tem em mãos um musical e não um filme sobre música. Caso tivesse recheado La La Land com mais iguarias como as de suas bordas, o cineasta teria servido um prato perfeito.

Através, de certa forma, de um metacomentário irônico (vide as discussões dos seus personagens Sebastian e Keith sobre jazz), Chazelle conseguiu com sucesso modernizar, na medida certa, algo tido como ultrapassado e criou uma obra, como os grandes clássicos do gênero, encantadora.


La La Land: Cantando Estações (La La Land), 2016




sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Aê OA


Quem gosta de filmes e séries que desencadeiam discussões logo após a exibição de seus últimos minutos tem que conferir The O.A. Se os calorosos debates online são um termômetro, a série da Netflix cai naquela categoria polarizada de 'ame-a ou odeie-a'. O razoável seria se posicionar em algum lugar entre estes dois extremos, mas um fato indiscutível é que é injusto julgá-la somente através da leitura de resumos ou críticas. Ver dois, três episódios e depois pegar um atalho é, no mínimo, um desrespeito à obra e seus criadores.

Portanto, se não assistiu pare de ler agora. Simplesmente ignore este post ou, se gosta de controvérsias, vá assistir e volte depois. Este texto contém SPOILERS e é entendível somente por quem viu todos os  oito episódios da primeira temporada de The O.A.


Cocriada e coescrita por Brit Marling (que interpreta a protagonista Prairie Johnson) e seu amigo de longa data Zal Batmanglij (que dirige todos os episódios), The O.A. é sobre muitas coisas. E pode ser sobre algumas outras.  É sobre trauma, sobre laços de família (famílias biológicas, famílias recebidas ou famílias por circunstâncias), sobre superação, sobre aceitação e, principalmente, sobre  ajudar as pessoas. E pode ser também sobre mitologia, religião e fantasia. Ou sobre distúrbio mental.

Mas, antes de mais nada, é sobre o poder da narrativa.

Em muitos aspectos a série é bem parecida com este filme aqui, que se desenvolve sob a ótica de um narrador (não confiável?) na maior parte do tempo e que dá elementos suficientes para que o espectador preencha lacunas e molde sua própria interpretação do que ocorreu. E isto não vem apenas da sequência final ambígua e propositalmente aberta: há dicas e pistas durante todo o desenrolar da série, que já abre suas portas com Prairie pedindo para que cada um (da plateia - ali dentro e aqui fora da tela) feche os olhos e "imagine" a história que está prestes a contar.

A partir daí, e somado a algumas das reviravoltas  do último episódio, é fácil supor que tudo pode ter sido uma grande mentira. Existem, porém, fatos concretos dentro do contexto da série, partindo do pressuposto que o 'presente não narrado' é o mundo real. Os mais relevantes:

- Prarie recuperou a visão. Seja por milagre na sua segunda experiência de quase morte ou seja por reversão de uma "simples" cegueira psicológica do trauma do acidente na infância;

- Prairie esteve em cativeiro. Mesmo sendo cega, e alegadamente tendo algum nível de problema mental, ela não iria simplesmente ficar escondida por sete anos em um local sem sol - já que fica claro que ela tinha deficiências típicas deste cenário, como carência de determinadas vitaminas e deterioração dentária;

- Prarie tinha sonhos premonitórios.  Caso contrário, não saberia onde, nem quando,  deveria estar na sequência final;

- Prarie não inventou Homer para as sessões na casa abandonada. Ela estava perguntando e pesquisando por ele antes de ter tempo hábil de pedir pela Amazon, e ler, uma cópia de A Ilíada.

Tirando estas evidências, tudo que Prarie contou pode, sim, ter sido inventado, como Alfonso "French" passa (ou é levado) a acreditar. Todavia, aqueles livros são muito suspeitos, pois parece incoerente que uma pessoa que foi alfabetizada em braille (e, talvez, antes em russo), possa preferir comprar uma cópia "comum" em inglês. É pouco provável que esta mesma pessoa tenha conseguido ler aqueles livros grossos num período tão curto para tomar como base para sua história. Isto, mais o fato do terapeuta aparecer na casa dela no meio da noite, reforça a teoria de que o FBI tinha interesses (ou até esteja envolvido) na história real por trás daquilo tudo e até tenha implantado falsas evidências.

Assim como os livros não provam que é tudo mentira, não há como provar também que é tudo verdade. E, muito provavelmente, não é. Nenhum relato, principalmente oral e carregado de carga emocional, consegue retratar com fidelidade inquestionável os detalhes do desenrolar de fatos que se sucederam ao longo de longos sete anos.

Mas, isso não importa. Assim como também não importa se a série abraça ou não como real a mitologia em que se sustenta por boa parte. Porque no fim das contas, independente da crença em uma ou outra vertente, o poder da narrativa é o que manda e que leva ao ponto principal: o de ajudar pessoas. Não é para isso que anjos servem?


Durante o processo de contação de histórias, aquelas cinco pessoas, cada qual com suas disfunções e problemas, se aproximaram, se enxergaram e acabaram se ajudando. E foi a história de Praire, verdadeira ou não, que conduziu aquela pequena congregação a realizar um bem maior, a salvar um grupo maior de pessoas.

É compreensível que boa parte do público, especialmente o americano, tenha sentimentos contraditórios ou simplesmente ache de mau gosto os rumos tomados nos momentos derradeiros da série. Tiroteio em uma escola é um assunto muito real e delicado para ser misturado em uma obra que demanda do público tantos saltos de fé no abstrato. Em analogia, seria de se esperar uma boa rejeição caso surgisse uma série nacional que no final envolvesse uma tragédia aérea em que apenas alguns membros de uma equipe sobrevivessem por algum tipo de intervenção mística.

Particularmente, achei o final corajoso e emocionalmente poderoso e coerente. O que significa aquilo? Que os movimentos funcionaram e que através da magia angelical o atirador foi impedido de agir? Não necessariamente. É muito comum o nosso cérebro nos enganar face a algo totalmente novo ou inusitado. Passamos por isto, por exemplo, quando entramos num teatro, tudo fica escuro e de repente um ponto de luz foca em algo novo, já da apresentação, que não o esperado abrir das cortinas. Demoramos um pouco para assimilar a natureza real do que está acontecendo. Quatro anos atrás eu estava dentro de um ônibus e vi uma capivara atravessando uma movimentada avenida na região central de Belo Horizonte. Meu cérebro não estava preparado para aquilo e eu simplesmente travei por alguns segundos, tentando entender o que eu estava vendo e tentando processar o que estava acontecendo. Acredito que a situação do atirador na escola possa também ter uma explicação tão simples quanto esta. Ao se deparar com cinco pessoas surgindo, do nada,  e fazendo movimentos bizarros e perfeitamente sincronizados num contexto totalmente inesperado, ele ficou sem reação por alguns segundos - tempo suficiente para o funcionário imobilizá-lo. E a força da narrativa, o fato de todos terem acreditado plenamente na história e no poder dos movimentos, transformou-os em anjos naquele momento. Todo o caminho os conduziu para salvarem aquele dia.

E Praire, foi salva? A resposta é sim. Mesmo que tenha morrido após o tiro, ela terminou em paz com seus pais adotivos e, principalmente, entrou na ambulância acreditando que tinha cumprido seus objetivos com o grupo, principalmente Steve, e que havia conseguido entrar no portal, no rio invisível. Seu arco narrativo, sua história de vida, fechou de forma positiva. E por que depois ela aparece de branco num ambiente claro indagando "Homer?"? É possível que esteja encontrando ele no pós-vida, em uma nova EQM ou até mesmo no local para onde o portal levaria. Também, num tom menos interessante e de menor peso, é possível que esteja acordando, confusa, numa clínica ou hospício.

Assim como aquele filme, a série dá ao espectador a escolha do desfecho. E vários insumos para sustentá-la. Apesar de não estar sacramentada pela Netflix, os criadores dizem ter planejado uma segunda temporada. Daí teriam que tomar uma posição e escolher um lado, apagando a ambiguidade implantada, o que pode se provar um grande desserviço para a atual e satisfatória conclusão emocional.

Particularmente, torço para que não aconteça uma nova temporada. Gosto da história como está, mesmo que imperfeita. Furo de roteiro eu mesmo tampo ou deixo exposto e lacuna eu mesmo preencho. Da minha forma e do meu gosto.


The O.A. (1a. Temporada), 2016




quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Kubo mágico


Base dos primórdios do cinema, especialmente com George Meliés, e essência dos efeitos especiais nos anos 1950 e 60, tendo como grande mestre Ray Harryhausen, as animações stop-motion (de manipulação quadro a quadro de bonecos, objetos, massinhas) ainda encantam. Em um cenário em que é muito mais rápido e barato recorrer à computação gráfica, ainda existem os que se empenham nesta arte, como Tim Burton (O Estranho Mundo de Jack, A Noiva Cadáver, Frankenweenie) e os estúdios Aardman (Wallace e Gromit, Fuga da Galinhas,  Piratas Pirados!) e Laika. A mais recente empreitada deste último é o belo Kubo e As Cordas Mágicas.


Os responsáveis por Coraline e o Mundo Secreto finalmente emplacam uma história memorável, algo que infelizmente não alcançaram com ParaNorman ou Os Boxtrolls, por mais que tenham sido tecnicamente impecáveis. Não que Kubo não tenha problemas narrativos, pelo contrário, o desenrolar da trama é numa estrutura simples, similar à dos games (desafio - desafio - desafio - confronto com o chefão), e poucos personagens, embora interessantes, fogem do óbvio. Mas, é garantido que a original e cativante história do menininho samurai será muito mais lembrada que a dos monstrengos empacotados ou que a do menininho que consegue ver os mortos (a animação, claro, não aquele outro com o Bruce Willis).

Porém, talvez o grande revés do filme seja ironicamente sua maior proeza. Ao criar uma produção tecnicamente precisa, com cenas verdadeiramente mágicas e visual arrebatador, a graça da natureza rudimentar do stop-motion se perde um pouco com os retoques e as inserções dos efeitos digitais de ponta (o que deve render uma inédita - e ambígua, mas merecida - dobradinha de indicação ao Oscar de Animação e de Efeitos Visuais).

De qualquer forma, Kubo e As Cordas Mágicas é um espetáculo digno de ser admirado. Mas, não pelos menorezinhos. O tema principal é a morte e, mesmo tratado de forma esperançosa e com uma mensagem final de certa forma feliz, existem algumas cenas e personagens um pouco assustadores. Somado a isto, o protagonista é um menino que tem uma vida sofrida e nada adequada para sua idade. É de fato um sofrimento maquiado para filme infantil, mas não havia necessidade da Laika colocar tanta amargura na vida dele, principalmente desmantelando em vários aspectos o porto de seguro de qualquer criança: sua família e parentes.

Enfim, os créditos finais se desenrolam em uma linda versão de While My Guitar Gently Weeps (que tem tudo a ver com o filme), então todos os problemas com a produção são esquecidos e só as boas lembranças ficam. Que, como ensinado, é o que importa.


Kubo e as Cordas Mágicas (Kubo and the Two Strings), 2016