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terça-feira, 30 de junho de 2015

As mentes daqui não são como as de lá


Divertida Mente é um dos melhores filme do ano, com certeza. Mais uma vez, a Pixar provou que sabe direitinho como conquistar as mentes (e os corações) de crianças e adultos.

E de americanos e brasileiros.

Em determinado momento, o pai da garotinha protagonista está totalmente desligado da conversa, absorto em seus pensamentos. E o que está tirando a atenção do pai "americano" é diferente do que distrai o pai "brasileiro"...

Comparem no início destes trailers:

Trailer americano


Trailer nacional


Isto é apenas um pequeno detalhe, e certamente não é exclusivo do Brasil, mas é uma amostra de como que a Pixar se preocupa em fazer tudo funcionar perfeitamente para o seu público. 

terça-feira, 23 de junho de 2015

Acessibilidade é importante


Lost ainda é a melhor série de todos os tempos. E o diferencial dela para outras atualmente altamente badaladas é a acessibilidade.

Uma recomendação de Game of Thrones, por exemplo, sai mais ou menos assim: "Você devia assistir! É excelente, muito bem produzida e escrita, tem ótimas atuações, mas... esteja avisado(a) que é bastante gráfica e contém muito linguajar, nudez, violência, sexo, violência sexual, tortura, incesto, defenestração, mutilação, decapitação (em cima e embaixo), furação de olho (no literal e no figurado), exposição de cadáver, reanimação de cadáver, reexposição de cadáver reanimado e homicídio, regicídio, infanticídio, parricídio, personagemfavoritocídio e quase toda variação possível que possa terminar com o sufixo 'cídio'."

Mesmo também tendo violência, drogas, sexo, defenestração, tortura, exposição de cadáver, reanimação de cadáver (por que não?), etc, etc, era possível recomendar Lost virtualmente para qualquer pessoa, sem poréns, pois tudo era tratado de uma forma mais sutil, maquiada ou subentendida.


Muitas vezes algumas cenas mais pesadas são necessárias e servem às histórias de seus filmes e/ou séries. Mas, na maioria das vezes fica a sensação de que a HBO (com Game of Thrones e virtualmente qualquer outra série sua) opta pelo apelativo para ter o efeito de choque e se manter na conversação. Lost, por sua vez, conseguia se manter na conversação e também proporcionava seus momentos de choque, sem apelar.

E era comum, e saudável para sua popularidade, ver Lost sendo discutido não só em bares e na internet, mas também nas mesas de jantar das famílias. Ver uma estreia de temporada ou um episódio final era um evento em que podia ser feito com toda a família reunida. Diversão garantida. Já com Game of Thrones isso é bem mais difícil. O mais provável é que seja constrangimento garantido, como mostra a sátira "Watching Game of Thrones With Your Mom" (aviso: inclusive este curta tem material inadequado).

Num mundo que icentiva um consumo de conteúdo cada vez mais individualista, com os tablets, notebooks e os Nows, HBOGos e Netflixes, o diferencial de Lost foi proporcionar entretenimento que incentivasse a experiência coletiva. If we can't watch together, we will live alone, como numa ilha perdida, certo Jack?

sábado, 20 de junho de 2015

Vamos precisar de um cinema maior


Há exatos 40 anos, após uma conturbada produção que estourou o orçamento, terminou 103 dias após o prazo inicial de 52, foi alvo de críticas do autor do livro em que se baseava, enfrentou incontáveis problemas técnicos e se mantinha num clima de tensão entre dois dos atores principais (um dos quais aparecia constantemente e fortemente alcoolizado para trabalhar), um jovem e inexperiente cineasta apresentava ao mundo o icônico filme que viria a dar origem ao termo blockbuster (no melhor dos sentidos).


Tubarão e Steven Spielberg começaram a fazer história em 20 de Junho de 1975.

terça-feira, 16 de junho de 2015

Gentileza gera gentileza


Sempre tive uma má impressão quanto à rivalidade entre clubes de futebol. Pra mim, enquanto os torcedores de times rivais discutem e brigam, os jogadores e dirigentes comem churrasco, tomam cerveja e ouvem pagode juntos.

E parece que no mundo do entretenimento rola algo semelhante.

Já vi discussões fervorosas e inúteis, por exemplo, entre fãs de Star Wars e Star Trek, Lost e Heroes, DC Comics e Marvel, Ivete Sangalo e Daniela Mercury (hã???). Esse fim-de-semana, quando Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros (merecidamente) bateu o recorde de maior bilheteria de estreia de todos os tempos de Os Vingadores, cheguei a ouvir panelaço nas janelas virtuais da internet e gritos digitais de "Chupa Marvel!" nas redes sociais.

Só que Kevin Feige, chefão da Marvel, levou numa boa. Usou sua conta do Twitter para parabenizar os principais envolvidos na produção "rival" pelo feito, inclusive com uma imagem alusiva:



O legal é que esse tipo de gentileza foi iniciada décadas atrás justamente pelo produtor executivo de Jurassic World (e citado nominalmente no twit do Sr. Feige), Steven Spielberg.

Quando, no final de 1977, Guerra nas Estrelas desbancou Tubarão de um longo reinado no topo da lista de filmes mais alugados nos EUA, Spielberg homenageou George Lucas publicamente:


E quando E.T. O Extra-Terrestre quebrou o mesmo recorde no começo da década de 1980, foi a vez de Lucas "dar o troco":


Em 1997, com o lançamento da Edição Especial da trilogia Star Wars, E.T. perdeu a posição e Spielberg, mais uma vez, se manifestou publicamente:


E em 1998, quando Titanic se tornou a maior bilheteria de todos os tempos, desbancando Star Wars do posto, George Lucas parabenizou o diretor James (Jim para os íntimos) Cameron com um anúncio na revista Variety:


Belos exemplos.

Hora de atleticanos e cruzeirenses se espelharem nos grandes do cinema e darem as mãos para cantar juntos "Give Peace a Chance".

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Um mundo (jurássico) melhor


Apesar de ter figurado no topo da minha lista dos mais aguardados do ano, junto com Star Wars: O Despertar da Força, confesso que sempre temi um pouco por Jurassic World: O Mundo Jurássico. Afinal, nem o próprio Spielberg conseguiu fazer uma continuação que fizesse jus ao espetacular Jurassic Park: O Parque dos Dinossauros.


Então, havia um pouco de surpresa misturada na minha grande satisfação ao ver o resultado desenrolar na tela. Jurassic World não decepciona nem um pouco, resgatando elementos visuais, sonoros e temáticos do primeiro filme da franquia e do próprio livro do Michael Crichton, mas com material original suficiente para não se reduzir a apenas uma homenagem, datada e saudosista. Colin Trevorrow, diretor estreante em grandes produções, apresenta competência e potencial para uma grande carreira e conduz com segurança sequências de ação, sem deixar de imprimir sua marca - o mesmo estilo e humor apresentados no seu único longa até então, o curioso e divertido Sem Segurança Nenhuma. As atuações são, no geral, muito boas (tornando até positivo o rumor de Chris Pratt como o próximo Indiana Jones) e a maior parte dos personagens tem charme próprio, fazendo-nos esquecer que estão ali, como na maioria dos blockbusters, só para fugir de ameaças geradas por computador (mesmo sendo praticamente o caso). Todavia, aqui os efeitos especiais nunca parecem óbvios ou desnecessários e a fotografia está impecável, com um 3D muito bem empregado e tratado.

Há deslizes, é verdade, como uma cena sentimentalista que surge, do nada e deslocada, sobre um possível divórcio dos pais dos meninos e como uma exposição quanto ao poder de camuflagem de certo dinossauro - o caçador grita para o público o que acabou de acontecer, como se este não tivesse capacidade de entender (aliás, seria impagável se a versão dublada contasse com o Renato Aragão: "Ele camufla!!!"). Mas, estes e outros pequenos pontos não ofuscam Jurassic World.

E lá se foi um receio que me consumia. Que J.J. Abrams acabe com outro no final do ano.

terça-feira, 9 de junho de 2015

Ando meio desligado


Maio foi um mês de muito trabalho e percebi que praticamente não tive tempo para o blog. Gosto de escrever por aqui, mesmo que seja mal e cheio de erros. É uma diversão. Dizem que, de alguma forma, a gente sempre arruma tempo para aquilo que realmente gosta. E, mesmo assim, só consegui fazer um único post - de um vídeo, com uma frase escrita. Passei a refletir sobre outras coisas que gosto e que não tenho tido tempo. Uma delas é grave: ler livros.

Curiosamente, recebi um link para uma reportagem (que fui ler só depois que a pior parte da correria passou) sobre o hábito de leitura do brasileiro: http://tab.uol.com.br/livros/ Eis um trecho, para quem não quiser ler tudo (mas, vale à pena, arrume um tempo aí):

"Segundo o estudo Retratos da Leitura no Brasil, caiu o número de pessoas que gosta de ler (jornais, revistas, livros e textos na internet) em seu tempo livre - eram 36% em 2007 e passaram a ser 28% em 2011. Destes, 58% leem frequentemente. São três brasileiros em cada dez que gostam de ler, e apenas 1,7 deles fez do prazer um hábito.

A leitura específica de livros puxa esse número para baixo. A quantidade de pessoas que leram pelo menos uma obra inteira ou parte dela nos últimos três meses caiu de 55% para 50% de 2007 para 2011. A média de livros lidos pelo brasileiro também está menor. Em 2011, foram quatro, sendo que só dois eram lidos inteiros. É uma das menores taxas do mundo."

Lendo isso, descobri que sou mesmo brasileiro. Mediano. (Lá se vai o "com muito orgulho, com muito amor"). Tenho tido exatamente esta vergonhosa média nos últimos anos: dois livros inteiros por ano. Já até incentivei a leitura aqui no blog, mas é fato que venho praticando muito pouco (e, provavelmente de forma sintomática, venho escrevendo pouco). Faça o que falo, não o que faço...

Claro que não estou contando livros infantis. Venho lendo quase que diariamente para meu filho, para ver se fica um legado decente. Neste caso, faça o que eu faço. Meus pais incentivaram a leitura quando eu era pequeno e deu certo. Sim, deu certo. Eles não têm culpa da minha alegada falta de tempo atual.


Agora, vá. Vá ler um livro. Por você, por seus filhos, por seus pais ou pelo Brasil, tanto faz.
Vá ler enquanto há tempo.