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sábado, 25 de junho de 2022

Bad boys


Indo na contramão da Marvel, a DC não conseguiu se firmar na criação de um universo cinematográfico coeso e interconectado, optando por investir paralelamente em histórias independentes. O público, mal acostumado, pode se confundir um pouco com a mudança de atores, estilos e linhas narrativas o tempo todo, mas os resultados não vêm sendo necessariamente ruins. Neste novo Batman, há muito foco no personagem titular (e pouquíssimo espaço para Bruce Wayne) e, talvez pela primeira vez na telona, o homem-morcego é realmente o que ele foi concebido para ser: um detetive. Ele (spoiler levíssimo) falha em enxergar o 'plano maior', mas me contento com a argumentação de que este Batman ainda está em começo de carreira.

Batman (The Batman), 2022





Uma espécie de Cães de Aluguel light para crianças, misturado fortemente com Onze Homens e um Segredo (a ponto de haver uma referência ao "modo Clooney" do protagonista de usar charme para se safar com trambiques), Os Caras Malvados é uma animação bem feita, ágil, divertida e que realmente consegue agradar crianças e pais. Pode não ser exatamente marcante, nem digna de Oscar, mas uma ou outra continuação não só é provável como muito bem-vinda.

Os Caras Malvados (The Bad Guys), 2022




A sequência de Sonic: O Filme faz o dever de casa e amplia a gama de personagens originada no videogame, enquanto tenta manter ou repetir o que funcionou no primeiro (incluindo um Jim Carrey em sua zona de conforto). Só não precisava ter ampliado também a duração, pois com 2h (frente às 01h40 do original), Sonic 2 mostra claros sinais de cansaço, e nem é por conta da super velocidade.

Sonic 2: O Filme (Sonic the Hedgehog 2), 2022




Produzido pela Netflix, O Projeto Adam parece confirmar o que teoristas da conspiração (?) afirmam: a base de dados e algoritmos da gigante de streaming vem ditando o que deve ser criado. O longa parece um amontoado de vários outros filmes similares (e melhores), sem cerimônias. Ainda assim (ou talvez por isto mesmo) não é totalmente descartável e consegue um crédito extra por acertar a mão no quesito emocional. 

O Projeto Adam (The Adam Project), 2022




sexta-feira, 24 de junho de 2022

Uma série de séries na falta de tempo

Parece uma eternidade desde a última postagem aqui no blog (que é desde o tapa de Will Smith em Chris Rock, para se ter uma noção), mas é que estive muito ocupado. (pausa) Vendo séries. (risos) Nos intervalos da ocupação, claro.

Seguem as notas, então, pras que assisti neste período (e que já completei a temporada corrente, outras estão em andamento e a nota fica pra outra postagem... daqui a outros três meses, talvez):


Ruptura (Severance - 1a. temporada), 2022




The Marvelous Mrs. Maisel (4a., e penúltima, temporada), 2022




Peaky Blinders (6a. e última, temporada), 2022




Lakers: Hora de Vencer (Winning Time: The Rise of the Lakers Dynasty, 1a. temporada), 2022


Ozark (4a, e última, temporada), 2022




É isso, sem textinhos porque continuo atarefado. (Como eu disse, tem outras séries em andamento - risos).

sexta-feira, 25 de março de 2022

Noscardamus 2022

Bastante indeciso em nada menos que 06 categorias (Filme, as duas de Roteiro, Fotografia, Montagem e Direção de Arte), seguem em negrito meus palpites sobre quem serão os premiados com Oscar este ano.

Atualização: sublinhados, os vencedores.

MELHOR FILME

Belfast
No Ritmo do Coração
Drive My Car
Duna
King Richard: Criando Campeãs
Licorice Pizza
O Beco do Pesadelo
Ataque dos Cães
Amor, Sublime Amor
Não Olhe para Cima


MELHOR DIRETOR

Kenneth Branagh (Belfast)
Ryûsuke Hamaguchi (Drive My Car)
Paul Thomas Anderson (Licorice Pizza)
Jane Campion (Ataque dos Cães)
Steven Spielberg (Amor, Sublime Amor)


MELHOR ATRIZ

Jessica Chastain (Os Olhos de Tammy Faye)
Olivia Colman (A Filha Perdida)
Penelope Cruz (Madres Paralelas)
Nicole Kidman (Apresentando os Ricardos)
Kristen Stewart (Spencer)


MELHOR ATOR

Javier Bardem (Apresentando os Ricardos)
Benedict Cumberbatch (Ataque dos Cães)
Will Smith (King Richard: Criando Campeãs)
Denzel Washington (A Tragédia de Macbeth)
Andrew Garfield (Tick, Tick... Boom!)


MELHOR ATRIZ COADJUVANTE

Jessie Buckley (A Filha Perdida)
Judi Dench (Belfast)
Kirsten Dunst (Ataque dos Cães)
Aunjanue Ellis (King Richard: Criando Campeãs)
Ariana DeBose (Amor, Sublime Amor)


MELHOR ATOR COADJUVANTE

Ciarán Hinds (Belfast)
Kodi Smit-McPhee (Ataque dos Cães)
Troy Kotsur (No Ritmo do Coração)
J.K. Simmons (Apresentado os Ricardos)
Jesse Plemons (Ataque dos Cães)


MELHOR ROTEIRO ORIGINAL

Belfast
Não Olhe para Cima
King Richard: Criando Campeãs
Licorice Pizza
A Pior Pessoa do Mundo


MELHOR ROTEIRO ADAPTADO

No Ritmo do Coração
Drive My Car
Duna
A Filha Perdida
Ataque dos Cães


MELHOR FILME INTERNACIONAL

Drive my Car (Japão)
Flee (Dinamarca)
A Mão de Deus (Itália)
A Pior Pessoa do Mundo (Noruega)
Lunana: A Yak in the Classroom (Butão)


MELHOR ANIMAÇÃO

Encanto
Flee
Luca
A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas
Raya e o Último Dragão



MELHOR DOCUMENTÁRIO

Ascension
Attica
Flee
Summer of Soul (...Ou, Quando a Revolução Não Pode Ser Televisionada)
Writing with Fire


MELHOR MONTAGEM

Não Olhe para Cima
Duna
King Richard: Criando Campeãs
Ataque dos Cães
Tick, Tick... Boom!


MELHOR FOTOGRAFIA

Duna
O Beco do Pesadelo
Ataque dos Cães
A Tragédia de Macbeth
Amor, Sublime Amor


MELHOR DIREÇÃO DE ARTE

Duna
O Beco do Pesadelo
Ataque dos Cães
A Tragédia de Macbeth
Amor, Sublime Amor


MELHOR FIGURINO

Cruella
Cyrano
Duna
O Beco do Pesadelo
Amor, Sublime Amor


MELHOR MAQUIAGEM

Um Principe em Nova York 2
Cruella
Duna
Os Olhos de Tammy Faye
Casa Gucci


MELHOR EFEITOS VISUAIS

Duna
Free Guy
007: Sem Tempo para Morrer
Shang-Chi e a Lenda dos Dez Aneis
Homem-Aranha: Sem Volta para Casa


MELHOR SOM

Belfast
Duna
007: Sem Tempo para Morrer
Ataque dos Cães
Amor, Sublime Amor


MELHOR TRILHA SONORA

Não Olhe para Cima
Duna
Encanto
Mães Paralelas
Ataque dos Cães


MELHOR CANÇÃO

“Down To Joy” (Belfast)
“Dos Oruguitas” (Encanto)
“Somehow You Do” (Four Good Days)
“Be Alive” (King Richard)
“No Time To Die” (007: Sem Tempo para Morrer) 


Comentários: Só dois erros este ano e em categorias "esperadas". Dei uma subestimada em Duna.

sábado, 12 de março de 2022

Encantamentos e desencantamentos finais antes do Oscar


Com um título desses e um "Dirigido por Guillermo del Toro" associado, não tinha como minha expectativa para O Beco do Pesadelo ser outra que não a de um terror cheio de criaturas fantásticas. Porém, a grata surpresa é que, mesmo contendo usuais deltorices narrativas e visuais (além de direção, fotografia, e direção de arte soberbas), o longa é praticamente um filme noir pé no chão. Todos no elenco (invejável) mandam muito bem e Bradley Cooper e Rooney Mara conseguem convencer com personagens que claramente deveriam ser bem mais jovens que os atores. Apesar de ambientado na metade inicial do século passado, a história traz uma reflexão bastante atual sobre o peso das mentiras e da enganação.

O Beco do Pesadelo (Nightmare Alley), 2021




Pode ser por sua incursão nostálgica nos anos 1970 ou por ser centrado numa tensão amorosa platônica pautada pela diferença de idade, o fato é que Licorice Pizza me lembrou constantemente de Quase Famosos. Um Quase Famosos piorzinho. O longa conta com boas atuações, mas tem um roteiro sem fluidez que entrega uma história engraçadinha e bonitinha, enquanto não lida com a forma potencialmente problemática de como trata a protagonista feminina. Como curiosidade à parte, bacana descobrir nos créditos finais que a família da personagem Alana é a da própria atriz Alana Haim na vida real e que os primeiros nomes foram mantidos no filme. 

Licorice Pizza (idem), 2021




Não há como negar a habilidade da Disney que, mesmo quando desvia de sua fórmula usual, ainda entrega algo encantador (vejam só) para toda a família - e que ainda parece "muito Disney" (no bom sentido). Em Encanto não há, por exemplo, um vilão per se (ainda que obviamente existam forças do antagonismo), não há princesas nem um grande amor, e o protagonismo latino nunca foi tão valorizado (excetuando em parceria com a Pixar, claro) - mas ainda assim o resultado é uma história universal, cativante e com toda magia que se espera, incluindo canções memoráveis (e grudentas), aqui comandadas por Lin-Manuel Miranda.

Encanto (idem), 2021




terça-feira, 8 de março de 2022

Gostar ou não gostar...


Sempre me vi envolvido em debates dizendo "só porque você gosta do filme não significa que é bom e só porque você não gosta não significa que é ruim", complementando que "não gostar de algo que é avaliado como bom é muito normal, pois gosto é subjetivo e envolve emoção e histórico pessoal".

Como constantemente esbarro em resistência bruta à esta linha, muitas vezes pondero se de repente não estou simplesmente errado. Então, é um alívio (com pitada de orgulho) descobrir grandes mentes com a mesma linha de pensamento.

Pra ficar perfeito, só faltou Leandro Karnal incluir '...filmes...' no final deste texto.


Você gosta de arte?

Eu amo. Eu era fascinado pelos quadros que encontrava em livros de arte. Ficava vendo e passando o dedo muito antes de compreender qualquer conteúdo ali representado.

Parece que havia nomes que eu sempre soube, ou, pelo menos, nunca me lembro de ter visto pela primeira vez: Leonardo, Michelangelo, Rafael.

Há nomes que vieram depois: Mondrian, De Chirico, Lichtenstein.

Por fim, existem escolas que descobri muito tarde, como os Nazarenos Alemães.  

Da mesma forma, quase sempre sei quando vi uma obra-prima pela primeira vez.

A 'Mona Lisa' no Louvre, a Capela Sistina no Vaticano, o 'Abaporu' em Buenos Aires, 'A Tempestade' em Veneza.

Em alguns casos, fui a um museu só para ver um quadro, exclusivamente um: foi o caso da pintura 'O Balanço', de Fragonard, na Coleção Wallace, em Londres.

Aliás, não consigo recordar de nenhuma outra obra naquela mansão inglesa, ainda que seja um espaço muito agradável.

O Balanço - Jean-Honoré Fragonard (1767)

Quero falar de outra coisa.

Foi em algum ano da década de 1990. Eu tinha saído de horas no Museu do Prado, em Madri, e ainda tinha uma hora para aproveitar a luz e um museu aberto.

Caminhei até o Museu Rainha Sofia, a poucos metros dali. Objetivo? A 'Guernica', de Picasso.

Eu já era professor de História e, claro, já tinha falado do Cubismo, da Guerra Civil Espanhola, o bombardeio de Guernica e, por fim, a exposição de Paris na qual o quadro foi mostrado ao público.

Era um quadro repleto de história e de significado, uma das obras-primas do século 20.

Cheguei ao museu e fui direto à sala da obra. O tempo era curto. Naquela época, a gente olhava mais e fazia menos fotografias.

Fiquei ali, por uns 30 minutos, admirando o imenso painel em preto, branco e cinza. É uma obra, de fato, impressionante. 

Saí já cansado de muitas horas de pé e refleti comigo: Picasso é um gênio, o quadro é extraordinário, a obra tem significado artístico e histórico impactante e... eu não gosto.

Sim, confesso: o cubismo é muito importante, uma revolução que já expliquei inúmeras vezes para alunos e interessados.

Já fui com grupos ao MoMA, em NY, e ficava diante  de 'Les Demoiselles d’Avignon', mostrando o que representa aquela obra brilhante. E, mesmo assim, continuo não gostando de Picasso.

Guernica - Pablo Picasso (1937)

O pintor espanhol é um gênio e mudou os rumos da nossa percepção artística. Quem disser o contrário pouco sabe de arte. 

Quando digo que não gosto, é que vejo no cubismo sintético e analítico um exercício matemático, como vejo no chamado dodecafonismo musical.

São experiências racionais muito boas e necessárias. Jamais imaginaria ler um belo livro, ouvindo uma peça dodecafônica.

Quando eu digo não gosto, significa que compreendo um pouco do quadro, reconheço a inteligência dele, vejo ali um olhar que provocou uma ruptura de paradigma estético e, nada emotivo, intenso ou capaz de mover meu eu interior para sair da zona racional.

Quando fiquei a primeira vez diante dos quadros sobre São Mateus em Roma, na igreja de São Luís dos Franceses, comecei a chorar, a rir, a ficar mais bobo do que o normal ao ver a 'Vocação de São Mateus', de Caravaggio.

Não sabia bem o que dizer e, creio que, vinte anos depois, ainda não sei. A diferença entre as duas experiências? 

Picasso é uma genial equação matemática sobre o espaço; Caravaggio joga minha consciência no chão e me obriga a sentir coisas fora do comum.

A Vocação de São Mateus - Caravaggio (1599)

A arte é um signo aberto e o cérebro de qualquer pessoa é ainda mais randômico. Não existe uma explicação causal.

O plano cartesiano claudica no campo estético. Ocorre o mesmo com música e com esculturas.

Por vezes, leio um livro mediano e fico muito tocado. Já confessei, publicamente, que há clássicos da literatura que comecei a descobrir porque eram aclamados como importantes e segui a leitura … por birra. 

Esse e-mail é para que as pessoas se sintam um pouco mais livres para dizerem o que pensam de quadros, esculturas, músicas e textos que são incensados por muitos e que, por algum motivo, não fazem morada no seu afeto. 

Sejamos todos sempre livres para nosso prazer e gosto.

Apenas reconheçamos: meu gosto individual não canoniza alguém e nem derruba um clássico. 

sábado, 26 de fevereiro de 2022

Um japonês, um dinarmaquês e um noruguês entram no bar...

 

O japonês Drive My Car é uma pérola sobre relações pessoais e uma meditação sobre o luto, mas, ainda que exista um motivo específico para o tom arrastado e embora consiga prender a atenção durante toda as suas três horas de duração, é inegavelmente longo demais e redundante. O filme começa mesmo aos 40 minutos (de verdade, é quando os créditos iniciais surgem na tela) com a cativante dinâmica entre o protagonista e sua motorista em mais de duas horas que, não só poderiam ser aparadas um pouco, provam que o prólogo era dispensável. Com estas decisões, os realizadores tornaram para poucos uma obra que poderia (deveria?) ser para muitos.

Drive My Car (Doraibu mai kā), 2021





Primeira produção até hoje a ser indicada ao mesmo tempo aos Oscars de Documentário, Animação e Filme Estrangeiro, o emocionante, belo, mas ao mesmo tempo assustador (sem ser apelativo), Fuga, prova ser merecedor do feito histórico.  A escolha da animação como técnica funciona excepcionalmente bem, não somente pelo óbvio (imergir em sequências de flashback onde a câmera não poderia estar), mas também para não entregar o rosto do protagonista para o público, tornando a narrativa ainda mais universal. É a história pessoal e real de Amin (um pseudônimo?), mas certamente é também a de incontáveis outros refugiados. 

Fuga ou Flee - A Fuga (Flugt), 2021




Pode ser insensibilidade artística de minha parte ou limitação cultural, mas não consegui enxergar o motivo de A Pior Pessoa do Mundo estar tão aclamado e ter tido duas indicações importantes ao Oscar (Roteiro Original e Filme Estrangeiro). Ao meu ver é um filme que se esforça para fugir de estereótipos batidos, só para cair em outros estereótipos. O roteiro entrega uma protagonista rasa, apesar da atuação inspirada de Renate Reinsve, com uma história que parece preocupada apenas com a vida amorosa sexual da personagem. E, pelo que é moldado, a própria personagem também só vive em função disto. Em determinado momenta ela estoura contra o namorado: "Você pode querer esse seu trabalho para o resto da vida. Mas eu não. Eu tenho ambição por algo mais." Mas o filme em si nunca demonstra isso, nem o quê. 

A Pior Pessoa do Mundo (Verdens verste menneske), 2021




terça-feira, 25 de janeiro de 2022

Janeiro em preto e branco, 2021 que não acaba


Por ser em preto-e-branco e um projeto pessoal do diretor-roteirista, inspirado em sua própria infância, é natural se lembrar de Roma ao assistir Belfast. Porém este filme de Kenneth Branagh, ao contrário daquele de Alfonso Cuarón, consegue criar empatia e dar profundidade ao personagem principal, construindo conflitos relacionáveis mesmo que - contado sob o ponto de vista de uma criança - não dê tanto peso à tensão inerente ao pano de fundo da história.

Belfast (idem), 2021




Com A Crônica Francesa, Wes Anderson chega ao ápice do seu estilo inconfundível e meticuloso, mas, embora por vezes beire a genialidade visual,  falha em entregar uma obra completa e coesa, ficando bem distante dos pontos altos de sua carreira - O Grande Hotel Budapeste e Moonrise Kingdom. O artifício de estruturar o longa como um folhetim ou revista é um bom ponto de partida, mas somente uma das quatro histórias (minimamente conectadas) é realmente interessante.

A Crônica Francesa (The French Dispatch), 2021




Relatos sinceros e não roteirizados de crianças sobre o futuro delas e do planeta, bem como trechos de livros (prontamente identificados em letras garrafais), permeiam Sempre em Frente e dão um encanto na produção. Tirando isto, restaria pouco de um roteiro que traz o velho "criança aprende com o adulto sobre a vida que a aprende com a criança" e que também retrata a criança como um mini adulto.

Sempre em Frente (C'mon C'mon), 2021




O que é mais surpreendente de A Tragédia de Macbeth é o quão tradicional (no bom sentido) o filme é. Vindo do usualmente peculiar e excêntrico Joel Coen (aqui em seu primeiro voo solo sem seu irmão Ethan) é reconfortante ver uma versão acessível, focada e com menos de 2h de duração. Os cenários ressaltam a teatralidade da história, mas os atores imprimem um certo naturalismo nos diálogos que contrapõem os textos requintados de Shakespeare, claramente destinados para uma expressividade maior, de palco. Um filme que te faz até se sentir mais culto.

A Tragédia de Macbeth (The Tragedy of Macbeth), 2021