O diretor-roteirista Remi Weekes consegue um feito difícil em seu longa de estreia, O Que Ficou Para Trás: juntar dois gêneros e conseguir extrair o melhor que cada um tem a oferecer. O drama de um casal de refugiados em sua "nova vida" é tratado com sensibilidade e relevância enquanto o terror de casa mal-assombrada traz bons sustos e funciona bem no nível metafórico, como todo terror que se preze. Entre os horrores sobrenaturais e os bem reais, há um ponto de virada que fortalece a construção dos personagens e da narrativa enquanto dá um soco no estômago do espectador. Angustiante e implacável, o filme é uma bela empreitada, embora não seja bonito de assistir.
O Que Ficou Para Trás (His House), 2020
Dosado em quantidades quase homogêneas de terror, comédia e mistério, O Lobo de Snow Hollow é um filme peculiar, que ainda acha espaço suficiente para humanizar a trama com drama pessoal. Funciona curiosamente bem, mesmo que a atuação de Jim Cummings (que assina também a direção e o roteiro) seja confusa, não raramente deixando um borrão no tom das cenas ao transitar entre o admirável e o exagerado sem cerimônia (e, provavelmente, sem intenção).
O Lobo de Snow Hollow (The Wolf of Snow Hollow), 2020
Distante física e emocionalmente, e com pouquíssimo conhecimento de causa, é muito difícil avaliar um filme que usa o conflito entre Israel e Palestina como comédia. Pode ser que Tel Aviv em Chamas esteja dando uma roupagem muito suave e feliz para algo muito sério e que foi/é causa de sofrimento de milhares, sem gerar o efeito de protesto ou exposição típico do humor (especialmente o satírico). Pode ser também que a produção seja tendenciosa. Na minha ignorância, desfruto dessa deliciosa historieta pelos personagens carismáticos e fico apenas feliz de ver que pode ter algo de ingênuo e de esperançoso no dia-a-dia dos que vivem na região, algo além do que nos é bombardeado (perdão do trocadilho) nos noticiários.
Tel Aviv em Chamas (Tel Aviv on Fire), 2019
Nenhum comentário:
Postar um comentário