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domingo, 5 de julho de 2020

Luz na escuridão


Este texto não traz detalhes, mas contém SPOILERS gerais e significativos do final de Dark.


Resumos explicativos, linhas temporais remontadas e árvores genealógicas comentadas de Dark já existem aos montes, então não vou me arriscar a fazer algo que outros já fizeram tão bem. Vou apenas me ater a tentar expressar meu sentimento geral sobre a série alemã.

Saí da primeira temporada (conforme registrado aqui) com um pouquinho de desconfiança, principalmente com o salto para o ano 2052, que não só surgia sem precedentes, quebrando a simbologia da triquetra (1953-1986-2019), mas também parecia ser um artifício de segurança para os roteiristas terem o que explorar, no caso de renovação para uma nova temporada. Acabou que, se foi isso, souberam me enganar muito bem, pois os saltos para o futuro, e depois para 1920, 1887, funcionaram muito bem abrindo possibilidades interessantes que só fizeram aumentar o que a série sempre fez de melhor: escalada do drama pessoal dos personagens e as reviravoltas das interconexões de cada um, principalmente com suas ascendências e descendências.


No entanto, o fim da segunda trouxe de volta a mesma sensação do fim da primeira, com a abertura para uma realidade alternativa. Passei boa parte da terceira temporada incomodado com (e não dando a mínima para) a narrativa do mundo da Eva e as versões dos personagens dele. Mas, mais uma vez os roteiristas me puxaram o tapete (num bom sentido) e a revelação da existência de um mundo de origem, embora surja também "do nada", me agradou, dando mais sentido à trama geral e devolvendo um (ou mostrando o verdadeiro) significado ao símbolo recorrente da série, a triquetra.

Mais do que isso, o desfecho acabou atingindo um nível emocional que eu não esperava. Depois de tanto pai/mãe matando filho/filha, e vice-versa, foi bonito, e até redentor, o pilar de tudo ser justamente o elo entre pais e filhos. A criação veio da obsessão de Tannhaus por salvar seu filho, bem como a conclusão só foi possível pelo foco de Cláudia em salvar a sua filha.

Dark se despede como uma das melhores séries de todos os tempos. Com alguns furos, sim -impossível quando se aventura em um escopo tão ambicioso. Mas, com um encerramento tão satisfatório, por que se apegar em não haver esclarecimento de coisinhas como quando foi que Noah conseguiu tirar aquela foto limpinho e sorridente com a bebê Charlotte?

Eu hesitei, mas a jornada de três temporadas valeu a pena. Se ainda acha que te devem repostas, que invente uma teoria própria para o que aconteceu com o olho do Wöller no verão passado.

Dark (2a. e 3a. Temporadas), 2019-2020




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