É curioso como que as histórias de algumas pessoas que fizeram história demoram para ser contadas. E é curioso também como que o 'quando' estas histórias são contadas pode alterar a relevância das mesmas.
Estrelas Além do Tempo é baseado em um livro de 2014 que relata o pioneirismo de algumas mulheres negras dentro da NASA durante a corrida espacial no início da década de 1960. Vivendo em um Estado sob segregação racial e trabalhando em um ambiente tipicamente masculino, a verdadeira luta que travaram foi ao mesmo tempo penosa e inspiradora.
Como toda adaptação de livros e toda cinebiografia, o filme toma algumas liberdades narrativas e fica evidente ao espectador que algumas cenas não são verossímeis. Mas, não deixam de ser importantes. E até atuais. O momento em que a supervisora branca diz "Apesar do que pensa, não tenho nada contra você" e recebe a resposta "Eu sei que você provavelmente acredita nisso" é o símbolo de um racismo velado ou até mesmo inconsciente, encontrando ainda nos dias de hoje.
Aliás, os diálogos são recheados de frases de efeito que fazem o público vibrar e são sustentados por excelentes atuações de Taraji P. Henson, Octavia Spencer e Janelle Monáe, que ganham um elenco coadjuvante de peso, com Kevin Costner, Kirsten Dunst e Jim Parsons (estes dois últimos em atípicos papeis antipáticos). Nem os amargurados, que certamente andam contestando a indicação ao Oscar de Melhor Filme, podem negar o mérito do prêmio de Melhor Elenco concedido pelo SAG.
'Estrelas' é também um filme para provar que nem toda história sobre racismo -e nem todo filme do Oscar- precisa ser pesado e deprimente.
Estrelas Além do Tempo (Hidden Figures), 2016
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