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sexta-feira, 17 de abril de 2009

Como se fosse a primeira vez...

A (perda de) memória já foi usada com muita eficiência em produções hollywoodianas recentes, seja para servir como ponto de partida para uma bem sucedida trilogia de ação (A Identidade Bourne) ou seja na criação de um policial intrigante e bem arquitetado, em forma e conteúdo (Amnésia). A idéia foi extrapolada no bom suspense Os Desconhecidos (que, embora tenha astros como Jim Caviezel, Joe Pantoliano e Greg Kinnear no elenco, é um pouco... desconhecido) ao utilizar o artifício de "amnésia coletiva". Foi base até para o alívio cômico de Procurando Nemo e como arma secreta dos Homens de Preto.

Mas, em termos de inovação no conceito, nenhuma delas superou Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças. A premissa do filme é que um pequeno grupo de cientistas consegue, com precisão cirúrgica, remover situações (e pessoas, no caso) específicas da memória de uma pessoa. Charlie Kaufman e Michel Gondry criam não só um interessantíssimo e improvável filme romântico, como também aguçam nossa imaginação com uma possibilidade ímpar: e se pudéssemos apagar coisas isoladas da nossa mente?

Não vamos pensar em sofrimentos ou coisas ruins, como fez o Fantástico neste fim-de-semana, mas vamos nos ater a coisas que foram tão bacanas que gostaríamos de poder experimentar, de novo, só que como se fosse inédito. Um rápido exercício, deixando nossa vida pessoal de fora: quais filmes, músicas, etc. você apagaria da sua memória, só para ter o sabor da novidade mais uma vez?

Eu, de cara, mandaria pro limbo O Sexto Sentido, Os Suspeitos, As Duas Faces de Um Crime, O Grande Truque e o Planeta dos Macacos original. Existem muitos filmes espetaculares por aí, mas estes (e alguns outros) que possuem aquela reviravolta surpresa no final, são muito especiais quando se vê pela primeira vez. Por isto também, invejo as pessoas que estão se iniciando no vício de Lost somente agora. Descobrir passo a passo cada surpresa da série é algo arrebatador. Continuando na TV, ainda me divirto com o Auto da Compadecida, mas poder rir igual da primeira vez seria impagável.

Fugindo um pouco dessa área, eu desligaria as conexões neurais também do primeiro show do Pato Fu que fui, em 1995, do da Marisa Monte no Palácio das Artes e do Funk Como Le Gusta no Marista Hall. Inesquecíveis. Seria um teste árduo pra ver se o desmemorizador funcionaria mesmo. Da mesma forma, "Construção" do Chico Buarque entraria na minha lista. Claro que existem centenas de outras músicas que não me canso de ouvir, mas desta me lembro até hoje do impacto causado na primeira vez que ouvi.

Extrapolando o tópico um pouco mais, eu também tiraria da memória a primeira vez que vi o Galo ser campeão brasileiro só para... errhh... que desconcertante... acho que ainda não tenho esta memória... bem... chega de mim. E aí? O que você colocaria na sua lista para rever sem lembrar que viu?



Um comentário:

  1. Pode incluir outras experiências? Eu me impressiono muito com sabor, como algumas coisas que são experimentadas pela primeira vez parecem deliciosas, mas na segunda oportunidade, perdem o "encanto". Isso já aconteceu comigo algumas vezes, e eu gostaria sempre que a primeira impressão, o primeiro gosto, durasse sempre...
    Tem também a sensação de chegar a um lugar pela primeira vez.
    Se formos pensar bem, as primeiras vezes costumam ser bem marcantes e, de acordo com o famoso publicitário, a gente nunca esquece. Ter o poder de repetir a sensação seria, sem dúvida, sensacional...

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