No atual momento de Hollywood, onde há um clamor pelo empoderamento feminino e uma aparente pressão por prestigiar os trabalhos realizados e/ou protagonizados por mulheres, a existência de um filme como Lady Bird: É Hora de Voar pode parecer oportunista. Se ganhar quaisquer das categorias pelas quais foi indicada ao Oscar (Filme- Roteiro- Direção- Atriz- Atriz Coadjuvante), a produção irá levar uma mulher ao palco do Dolby Theater para discursar. Mas, sendo um trabalho tão pessoal e de tão longa gestação por parte da criadora Greta Gerwig, julgá-lo como tal é injusto e incorreto.
As indicações nas categorias de atuação são incontestáveis. Saoirse Ronan e Laurie Metcalf são a razão do filme existir e esbanjam uma química fora do comum, estabelecendo uma dinâmica entre mãe e filha crível e comovente. É um projeto claramente movido pela paixão e Greta Gerwig deixa isto transparecer em sua direção sólida e segura e em seu roteiro repleto de diálogos espertos.
Os méritos de Lady Bird são vários, mas os deméritos também existem. Assim, há os que enxergam os defeitos e incorrem no risco da acusação de oportunismo ou protecionismo. E há aqueles que, calejados com a infeliz estatística que pesa contra a quantidade de mulheres nos bastidores do cinema, acabam enxergando somente os pontos bem sucedidos. Porém, Greta Gerwig precisa apresentar um produto final melhor, como já fizeram Kathryn Bigelow, Patty Jenkins, Ava DuVernay, Michelle MacLaren e Lesli Linka Glatter (só para citar uma mão cheia, dentre as realmente poucas que existem) para não ficar só no “ótima direção, para uma mulher”.
Lady Bird: É Hora de Voar (Lady Bird), 2017
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