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segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Saindo do coma dos romances


Raramente comédias românticas fogem do seu padrão. Doentes de Amor, produção independente sensação no Festival de Sundance este ano, provê um destes raros momentos.

Centrado no relacionamento entre um comediante paquistanês e uma americana branca, o filme poderia muito bem embarcar numa jornada de esteriótipos e de piadas fáceis. Porém, prefere contar uma história mais humana, com personagens reais, cheios de defeitos, mas sempre buscando o melhor para balancear suas vontades em meio a amarras religiosas, familiares, sociais e culturais.


O roteiro, que se não for indicado ao Oscar será uma injustiça sem tamanho, não só entrega diálogos primorosos, mas também faz um ótimo trabalho em não tomar partido e criar base para empatia a praticamente todos os pontos de vistas.

A perfeita química entre o casal principal dá o tom mas, mais uma vez subvertendo o gênero, o longa acha espaço adequado para o relacionamento do protagonista com sua família e, principalmente, com os pais da moça. Estes, vividos por Ray Romano e Holly Hunter, brilham e praticamente assumem o foco central em boa parte da trama.

Quem assistir ao filme totalmente sem referências ainda terá uma grata surpresa no começo dos créditos finais, com uma revelação (não escondida no material publicitário) que dá um charme a mais à produção.

Doentes de Amor mostra que comédias românticas conseguem quebrar a estrutura básica de 'paixão inicial - fator complicador - reconciliação' e ainda dizer algo significativo sobre realidades contemporâneas. Também evidencia que Hollywood só ganha ao sair da banalidade, abrindo mais espaço para mulheres e 'homens não-brancos' na frente e atrás das câmeras.


Doentes de Amor (The Big Sick), 2017




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