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quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Macacos me mordam!


Talvez seja difícil de entender a fixação de Hollywood com a franquia Planeta dos Macacos. O filme original de 1968 rendeu quatro continuações, além de série de TV, mesmo tendo um dos finais mais deprimentes da história do cinema. Uma reviravolta genial, mas muito "pra baixo" pra despertar o clamor por mais. Depois, em 2001, Tim Burton resolveu fazer uma refilmagem, que ficou marcada por ter um dos finais mais ridículos da história do cinema. Uma reviravolta inesperada, mas totalmente sem sentido. Imaginava-se que a trajetória dos macacos nas telonas havia chegado ao fim.

Mas, como um vírus resiliente, a saga símia ressurgiu em 2011 num formato sempre visto com maus olhos: um reboot ~ prequel. No entanto, Planeta dos Macacos: A Origem surpreendeu, provando-se um bom filme. Não tardou para os estúdios darem luz verde para uma continuação. Em 2014, Planeta dos Macacos: O Confronto foi outra grata surpresa, sendo superior ao seu antecessor em praticamente todos os quesitos. Mesmo tendo bastante ação, principalmente da metade pra frente, o filme era um blockbuster incomum, com muitos momentos de silêncio, sem uma estrela chamativa no elenco e bastante focado no desenvolvimento do personagem principal, Caesar - o macaco.


Num sistema tão preso a fórmulas de sucesso, este ano foi milagrosamente lançado mais um capítulo desta nova trilogia. Intitulado Planeta dos Macacos: A Guerra, o filme desafia seu próprio título e sua campanha publicitária, e se nega a se enquadrar no padrão de produções de guerra, preferindo ser também uma história contida, centrada em Caesar. Para o bem, e pela coerência, da trilogia.

O diretor de O Confronto, Matt Reeves, retorna com a mesma energia e cria um arsenal de cenas tensas e de momentos tocantes. Também retorna o compositor Michael Giacchino, agora com uma trilha sonora épica - provavelmente o melhor trabalho de sua consistente carreira. Responsáveis por transparecer o realismo necessário para sustentar as produções, mais uma vez o show é dos efeitos especiais e das atuações por captura de movimentos, sobretudo a divertida adição de Steve Zahn como Macaco Mau e a de Andy Serkis como Caesar - digna de Oscar.

Assim como todas as outras incursões neste universo, o filme é carregado de alegorias sociais e políticas, algumas sutis, outras nem tanto (como o líder polêmico, cercado de extremistas, que quer construir um muro gigante). Aliás, em torno do vilão vivido por Woody Harrelson se dá um dos dois pontos fracos do filme: em determinada cena (até bacana, por sinal) ele para por uns 5 minutos e, através de um diálogo desnecessariamente expositivo, tem que explicar para o público o que está acontecendo ali. Sem entrar em spoilers, basta dizer que o outro ponto fraco está ligado a pequenos acasos convenientes para o roteiro que ocorrem no terceiro ato, como a intervenção da mãe natureza no clímax da história. Bom, de repente era apenas mais uma alegoria nada sutil.

A Guerra é, no fim das contas, um exemplo de como se fechar (será?) com chave de ouro uma jornada que se deu o tempo necessário para evoluir, sem correria, sem incoerência.


Planeta dos Macacos: A Guerra (War for the Planet of the Apes), 2017




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