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quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Z: a oportunidade perdida

Nas graças do imaginário popular e fomentados por interesses políticos, econômicos, científicos e até filosóficos, o início do século XX viu uma explosão de exploradores europeus e americanos se aventurando nos setores desconhecidos e remotos da floresta amazônica. As façanhas e desventuras de um dos mais famosos, Percy Fawcett, são o tema de Z: A Cidade Perdida.


Cobrindo cerca de 20 anos da vida do militar e arqueólogo britânico, o filme não tenta se passar por uma aventura à la Indiana Jones, como muitos esperavam, mas trata de se concentrar no seu protagonista. E, embora na maior parte consiga fugir dos estereótipos comuns das produções envolvendo selva, animais e povos nativos, infelizmente cai em vários dos clichês das cinebiografias. Não bastasse isso, a partir das passagens da I Guerra Mundial o longa flerta com a pieguice, a ponto de incluir no terceiro ato o clichê-piegas do momento de separação em que um personagem sai correndo atrás do veículo em movimento.

O roteiro também não ajuda com interlocutores de Percy verbalizando o óbvio sobre pontos da personalidade e as consequências das ações do personagem, que seriam muito mais ricos se tratados de forma sutil. Enquanto isto, outros temas que aparentam relevância, como os problemas com o pai dele, logo são esquecidos e ficam sem explicação. Como também fica no ar o motivo de Percy batizar a cidade de ‘Z’ (nada menos que o título do filme).

As boas atuações de Charlie Hunnam e de um Robert Pattinson quase irreconhecível são destaques positivos, enquanto Siena Miller parece desperdiçada em um papel que tenta dar uma voz feminista e independente a uma figura que passa praticamente todo o tempo sendo a boa esposa que escreve cartas para o amado, enquanto gera e cria seus filhos.

Mais do que o que realmente aconteceu com Percy, a principal dúvida que fica no final é: como que os realizadores deixaram este material com enorme potencial se transformar em apenas uma boa Sessão da Tarde?


Z: A Cidade Perdida (The Lost City of Z), 2017




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