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quarta-feira, 27 de setembro de 2017

À procura da batida perfeita


Se tem uma regra que o mais recente filme de Edgar Wright segue é aquela (proposta aqui no blog oito anos atrás) que estabelece como fazer um título nacional melhor que o original em inglês. Em Ritmo de Fuga é bem melhor que Baby Driver. E muito em sintonia (vejam só) com o espírito do filme.

A grande sacada que eleva a produção a um patamar bem superior que um simples ‘bom filme de ação’ é seu elemento musical. Para aliviar um zumbido no ouvido, o protagonista Baby vive o tempo todo ouvindo música através de seus fones e, assim, os espectadores acompanham a sua vida agitada como motorista de fuga embalados por uma trilha sonora vibrante e eclética. Espertamente, diretor e editor tentam extrair o melhor da combinação de imagem e som ao, por exemplo, casar disparos de arma de fogo e movimentos de objetos com a percussão das canções. 


Com esta pegada, o público é presenteado com alguns dos primeiros 15 minutos mais empolgantes do cinema: um prólogo que envolve uma perseguição pelas ruas de Atlanta onde os carros praticamente dançam uma elaborada coreografia; e um plano sequência durante os créditos iniciais que acompanha Baby, à pé mesmo (mas... impossível não admirar um plano sequência tão fluido e rico em detalhes). Só que justamente a genialidade deste começo acaba prejudicando um pouco o restante da produção que, não muito diferente de Guardiões da Galáxia Vol. 2, até consegue manter um ritmo condizente, mas nunca entrega cenas superiores, ou tão boas, quanto estas.

Ansel Elgort e Lily James apresentam a química e o carisma necessários para a dupla central, mas são Jon Hamm, Kevin Spacey e Jamie Foxx que parecem estar se divertindo nos papéis dos ameaçadores antagonistas deste submundo tarantinesco. E, embora a ação e a violência se amplifiquem no terceiro ato é também quando o roteiro desanda nas motivações de seus personagens. Não que este tipo de filme necessite de se aprofundar num estudo psicológico de suas crias, mas espera-se que sejam movidos por decisões coerentes com a realidade estabelecida.

Contudo, desligando um pouquinho o senso crítico, vidrando um pouco mais os olhos na tela e dando um grau a mais no som, é possível desfrutar deste novo marco da cultura pop na plenitude pretendida por seus realizadores.


Em Ritmo de Fuga (Baby Driver), 2017




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