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segunda-feira, 3 de agosto de 2020

Vaca e capitalismo, capitalismo e terror, terror e cor



A primeira tomada de First Cow, uma embarcação navegando um rio de uma ponta da tela à outra, é como um alerta da diretora Kelly Reichardt ao espectador desavisado: este filme vai usar seu devido tempo com coisas mundanas e não vai agradar os que querem algo com um pouco mais de ritmo. Mas mesmo lento e demorando a chegar no conflito principal, o filme tem seu charme e foge do lugar comum ao mostrar o "lugar comum" da época  da corrida do ouro. Mais uma prova de que é errado sair por aí chamando os westerns (ou faroestes), de 'bang-bang'.

First Cow (First Cow), 2020





Ironicamente lançado na Netflix quando o mundo estava iniciando as quarentenas e vendo uma batalha entre saúde e economia, O Poço é um filme que usa o isolamento como cenário para uma alegoria anticapitalista sem muita sutileza. O conceito original é bem explorado, essencialmente como um filme de terror, conseguindo nos prender (perdão do trocadilho) e nos fazer refletir como reagiríamos se estivéssemos naquele contexto. Sem suavizar na violência, por vezes chocante, a produção espanhola conclui, bem como a vida real, sem repostas fáceis.

O Poço (El Hoyo), 2020






Assustador e com um Nicolas Cage insano (que a esta altura já virou uma mera paródia de si mesmo), A Cor que Caiu do Espaço desperdiça uma premissa com bastante potencial criativo e se mostra uma decepção para quem esperava uma boa adaptação do pioneiro escritor de terror H.P. Lovecraft. O longa, que se vê perdido em definir o que tem a dizer, também não se decide entre tentar ser um filme B ou tentar ser um filme respeitável e acaba com (vejam só) o pior de dois mundos.

A Cor que Caiu do Espaço (Color Out of Space), 2019




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