Enquanto foliões se acabavam no sábado de carnaval e cinéfilos se preparavam para o Oscar, o mundo do cinema perdia Bill Paxton. Aos 61 anos, o ator que marcou a década de 1990 com True Lies, Apollo 13, Twister e Titanic sofreu complicações de uma cirurgia cardíaca e veio a falecer.
Então, senti que era o momento de realizar a vontade antiga que eu tinha de assistir sua estreia como diretor no filme Frailty, de 2001, intitulado no Brasil como A Mão do Diabo (e, curiosamente -ou não- "Pela Mão do Senhor" em Portugal).
Parte do charme do filme está na sua ambiguidade, no mistério de sobrenaturalidade versus insanidade. Só que ela é explorada com pouco eficácia, pois o diretor decide tomar partido com certas decisões nas composições de algumas das cenas finais e também na forma como determina comportamentos de um personagem secundário. Todavia, a "guerra" entre os títulos nacional e português expõe também uma outra ambiguidade presente na produção, além de evidenciar que "Fragilidade", tradução literal do título original, é o mais adequado.
Seja a fragilidade da mente humana frente à manipulação ou à pressão psicológica, seja a fragilidade da dicotomia entre o bem e o mal, existem camadas mais densas sob a fragilidade de diversos aspectos do roteiro. Um bocado a mais de sutileza para tratar estes pontos teria gerado um resultado melhor, mas o que foi alcançado já é superior à grande maioria de filmes similares.
A carreira de diretor de Bill Paxton não deslanchou e ele voltou a dirigir só mais um outro filme quatro anos mais tarde, O Melhor Jogo da História, com Shia LaBeouf no elenco. Mas, como ator esteve nos subvalorizados No Limite do Amanhã e O Abutre e ainda participou de séries como Agentes da S.H.I.E.L.D., Hatfield & McCoys (pela qual foi indicado ao Emmy) e Big Love (que lhe rendeu três indicações ao Globo de Ouro). Sua ausência será sentida.
A Mão do Diabo (Frailty), 2001
Nenhum comentário:
Postar um comentário