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terça-feira, 24 de janeiro de 2017

E a moçada pediu bis


Após seus primeiros minutos fica difícil situar Os Saltimbancos Trapalhões: Rumo a Hollywood em relação ao clássico de 1981. Não é uma continuação, pois as histórias não estão conectadas e personagens repetidos são interpretados por outros atores. Talvez seja um reboot, mas reutilizar atores repetidos, no caso Didi e Dedé, em tal não faria sentido. Enfim, o jeito é fazer uma daquelas várias abstrações que o público infantil e/ ou de comédia nacional está tão acostumado e relaxar para se divertir.

Existem inúmeros problemas com o filme em si que, de tanto ator e pouco personagem, chega a ser uma injustiça compará-lo ao original. Mas, mesmo fazendo isso, há alguns bons acertos. As canções foram repaginadas na medida certa, sem "estragar" as originais, como muitos poderiam dizer por aí (inclusive a que foi mais remodelada, 'A Cidade dos Artistas', ficou muito superior à original). As intenções dos vilões são amenizadas e, assim, mais adequadas para o público alvo. Aliás, o Barão deixa de ser um ganancioso explorador dos trabalhadores e passa a ser um empresário falido. Tornando-se vítima, a tocha de vilão-mor é passada para um inescrupuloso político, o prefeito da cidade. Sinal dos tempos.


Porém, o maior acerto de todos é que a produção não introduz substitutos para os insubstituíveis Mussum e Zacarias. Ao longo de toda projeção fica evidente que a ausência deles pesa muito. Mas, isto é muito mais sábio que trilhar o desrespeitoso e infeliz caminho que o próprio Renato Aragão apoiou em seus programas dominicais após o fim do quarteto.

De qualquer forma, o eterno Didi merece aplausos. Por toda sua carreira. E no final do filme recebe estes aplausos. Mais que o personagem em si, é Renato Aragão quem está sendo aclamado pelo público. Nem tanto pelo espetáculo que acabou de se desenrolar, mas por toda uma obra em vida. E Dedé, e Mussum e Zacarias também fazem parte, muito significativa, disso tudo. De alguma forma, o diretor João Daniel Tikhomiroff manipulou os sentimentos de Renato para obter as sinceras lágrimas da última cena. E ele também manipula o público com pequenas inserções de imagem que nada, absolutamente nada, têm a ver com o filme, mas que tocam o coração. Funciona e os "da poltrona" emocionados -como não estar?- agradecem e saem do cinema suspirando nostalgia.

É isto. Este filme não é uma continuação, nem um reboot. É uma homenagem.
E, infelizmente, aparenta ser também uma despedida.


Os Saltimbancos Trapalhões: Rumo a Hollywood (Nacional), 2017




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