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quinta-feira, 31 de outubro de 2013

O fenômeno terror (...nada a ver com o Ronaldo)


Meu desânimo geral com o terror é que poucos filmes são realmente bons. A grande maioria dos cineastas acha que gerar polêmica, chocar e/ou criar cenas grotescas são os ingredientes catalisadores do medo, o principal produto de um filme de terror. Com isto vários filmes de fato perturbadores, mas muito ruins, são criados e o gênero fica mal representado. Um dia ainda compilarei minha pequena lista dos melhores filmes de terror, mas, enquanto a preguiça não é vencida, aproveito o Halloween americano (que a cada ano que passa faz o Dia das Bruxas nacional ser mais esquecido) para falar de um específico: Poltergeist - O Fenômeno.

Em uma época em que meu tempo e, sobretudo, o conteúdo de TV eram rigorosamente controlados, tive a oportunidade de ver o filme com meus primos no Supercine, num fim-de-semana que dormi na casa dos meus tios. Mesmo tendo passado bastante tempo (eu tinha 8 anos), consigo me lembrar de detalhes específicos daquele sábado, incluindo exatamente onde eu estava sentado. Nunca mais o assisti novamente (e venho pretendendo, sob o sério risco de me decepcionar), mas algumas imagens e cenas nunca saíram da minha cabeça. Acima de tudo, a sensação perdurou durante anos.

Alheio às polêmicas e mitos em torno da produção, tudo o que foi necessário para me assombrar foi o filme em si. Os fatos de bastidores e a fama de amaldiçoado não influenciaram. Durante as filmagens, vários atores relataram acontecimentos sobrenaturais em suas vidas. JoBeth Williams, que interpreta a mãe, encontrava alguns quadros tortos em sua casa que, após arrumados, voltavam a aparecer tortos quando voltava do set. Zelda Rubinstein teve uma visão de seu cachorro despedindo-se dela para, horas depois, receber um telefonema de sua mãe com a notícia do falecimento do bicho de estimação. E, numa ponta mais trágica, a atriz que faz a filha adolescente foi assassinada, aos 22 anos de idade, pelo namorado, poucos meses depois do lançamento do filme. A que faz a filha menor também morreu prematuramente, de estenose intestinal, após filmar Poltergeist III. Ambas estão enterradas no mesmo cemitério.

Mas nada disto, nem o uso de verdadeiros esqueletos humanos na produção (que eram mais baratos que os de plástico), era de meu conhecimento, portanto minha reação foi genuína. Naquela noite não consegui dormir. O fato de existir uma grande árvore balançando com o vento do lado de fora da janela e um quadro, justamente uma pintura de um palhaço triste, no corredor bem em frente à porta do quarto onde estava, pode ter ajudado (ou atrapalhado, no caso). Mas isso daí já é ironia do destino.


Curiosidade: esse medo todo de um filme que traz (spoiler!) apenas UMA morte - a de um pássaro. Mais uma lição pros que acham que fazer terror é só encher a tela de matança e sanguinolência.

2 comentários:

  1. Duel: nenhuma morte, nenhuma gota de sangue, nenhum monstro ou ser bizarro. Apenas um caminhão aterrorizante e sequer vemos o motorista. Também não dormi depois do filme. Terror?

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    1. Excelente pergunta.
      Enquanto Poltergeist tem o cenário clássico de casa mal-assombrada e pessoas com problemas sobrenaturais, não deixando dúvida quanto a seu gênero, existem vários que são debatíveis. Eu não hesitaria em classificar Alien, Tubarão e King-Kong (1933), por exemplo, como terror, mas muitos dizem que não. Até O Sexto Sentido e Os Outros são colocados "em cheque" e categorizados como 'suspense'. Terror ou não, Encurralado é pra mim um dos 10 melhores filmes da década de 70 (http://padecin.blogspot.com.br/2)012/05/that-70s-movie.html)

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