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segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Esse é o truque


Em determinado momento de seu número, no Festival Planeta Mágica deste fim-de-semana em BH, o ilusionista brasiliense Guilherme Ávila segurava o baralho completo com a mão esquerda e prometia adivinhar a carta que um membro da platéia havia assinado. Em vez de simplesmente mostrá-la, pediu ao escolhido para enfiar a mão em seu bolso direito. Sentindo apenas uma carta no bolso, o rapaz puxou a carta e... não era ela. Aparentando estar constrangido, o mágico pediu que o rapaz verificasse o bolso novamente. Para surpresa geral, o bolso não estava mais vazio e várias cartas foram sendo tiradas. Então Guilherme anunciou que todas as cartas foram parar em seu bolso e apenas uma havia sobrado em sua mão esquerda - a carta assinada!

O que cativa neste truque nem é tanto o fato de mais cartas aparecerem no bolso, nem da carta selecionada ser revelada corretamente, mas sim como o mágico consegue cativar e distrair a platéia a ponto desta perder o momento em que um baralho inteiro vira uma única carta em sua mão esquerda - que estava esticada e à vista de todos o tempo todo. O público poderia ter descoberto o truque, mas se deixou levar pelo espetáculo.

"Você está procurando o segredo... mas você não vai encontrá-lo, porque, claro, você não está olhando de verdade" diz o personagem de Michael Caine em determinado momento do excelente O Grande Truque.

Com filmes que prometem reviravoltas - e todos que possuem a temática de mágica e/ou "truque" no título prometem - é a mesma coisa. A reviravolta só emplaca se dicas forem sendo dadas ao longo do filme e o espectador finalmente descobre que simplesmente não estava prestando atenção nas coisas corretas. Ele poderia ter descoberto o mistério (ao fixar os olhos na mão esquerda do ilusionista), mas se deixou enganar pelo espetáculo. É por isso que muitos acham difícil gostar de O Livro de Eli, enquanto O Sexto Sentido é elogiado quase que unanimemente.


Neste cenário, Truque de Mestre, que está naquele período pós-cinema e pré-DVD, infelizmente está no rol dos que tendem a juntar seguidores do primeiro grupo. O filme é uma boa diversão, sem dúvida, mas peca com sua reviravolta final. Há distrações (não, sr. Louis Leterrier, não são os  travellings circulares incessantes - estes distraem realmente, mas não de uma maneira positiva). Mas, não há dicas. A oportunidade do espectador ser surpreendido, justamente porque olhou para o lado errado, inexiste. Uma segunda conferida no filme deve apenas tirar um pouco de seu brilho, e não acrescentar, como acontece com outros filmes neste estilo.

Desta forma, resta o consolo de que, mistério resolvido, a anunciada continuação deve focar mais tempo nos personagens, potencialmente interessantes, mas por hora deixados de lado em prol de uma revelação não tão interessante.

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