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sábado, 22 de novembro de 2008

Torcendo pro Brasil ser indicado ao Oscar... (do outro ano, porque neste próximo num vai rolar não...)

É, foi com grande decepção que saí da sessão do nosso candidato a indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, Última Parada 174. Logo nos 10 primeiros minutos meu amigo Márcio disse (baixo, claro): “Nó, esse filme não vai ser indicado nunca.” Eu pensei: “Será que num tá cedo demais pra julgar o filme, não?” Ao final da projeção tudo que pude fazer foi concordar com a perspicácia do grande amigo.

O filme não é ruim de todo, mas enquanto a seqüência do seqüestro do ônibus é bem feita e bastante interessante, ela ocupa apenas parte dos 15 minutos finais, quando o público já está meio cansado com as fracas sub-tramas, as tentativas fracassadas de simbolismos como prelúdios do que está por vir (o cacoete de esfregar os dedos, copos quebrados) e cenas forçadas que tentam equivocadamente criar um ar de realismo nos vários ambientes em que o filme se passa. Até a Chacina da Candelária, que é referência pra todos, é elaborada de uma forma minimalista e sem impacto. Pra piorar um pouquinho o desfecho do filme é bizarro, pois tenta dar um desfecho quase que feliz, embora amplamente ambíguo. (Tipo o final de Linha de Passe, talvez, só que mais fraco. Aliás, já debati várias vezes se o final de Linha é feliz ou não e, embora isto seja irrelevante para o propósito do filme, se alguém tiver uma conclusão oficial, me diga por favor.)

Há muito que venho tentando assistir ao documentário Ônibus 174, do José Padilha, e agora tive mais vontade ainda porque penso que toda esta história não pode “ser só isto”.

Talvez a solução pra Última Parada 174 seria ser mais curto. Pois aí não daria tempo da gente esquecer que passou o trailer de Se Eu Fosse Você 2 e lembraria que há coisas bem piores. Aliás, há coisas que nem se comparam.

Preocupo-me, na verdade, com o panorama do Cinema Nacional. Evoluímos drasticamente da época da pornochanchada, mas hoje em dia ou temos os filmes Globais ou os filmes centrados em pobreza e/ou violência. Os grandes filmes de destaque recente, internacional inclusive, têm nestes últimos seus pilares: Central do Brasil, Cidade de Deus, Tropa de Elite, Mutum, Linha de Passe, entre vários outros. Não creio que isto seja uma fórmula, como há em Hollywood, mas uma necessidade intrínseca ao nosso povo de falar sobre o tema. Só que o tema já começou a cansar e gerar frutos quase insípidos.

Torço para que Brazuca (o filme com Selton Mello no papel de Jean Charles de Menezes a ser lançado ano que vem), de repente, ou alguma outra surpresa surja e não só nos leve ao Oscar, como também dê uma sacudida boa no nosso cinema.

Um comentário:

  1. Acabei de ver o documentário Ônibus 174 e, de fato, recomendo que se você quer ver um filme intenso, interessante e que acrescente algo sobre o evento, veja este e não o Última Parada: 174.

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