Continuo sendo o (desacreditado) cara que se diz fã de cinema e que nunca viu Breaking Bad. O problema é que perdi o zeitgeist da série protagonizada pelo famoso Walter White e acabei traçando uma meta: assistir ao seu spin-off, Better Call Saul, só para ver se funcionaria independentemente.
E já no começo da primeira temporada descobri que sim.
Agora, se tudo que foi demonstrado até a conclusão da terceira e mais recente temporada for algum indício, cada vez aumenta mais a sensação de que todo mundo com quem converso está certo e estou perdendo uma das melhores séries de todos os tempos ao evitar Breaking Bad. Porque Better Call Saul, um "mero derivado", já é uma das melhores séries de todos os tempos.
Porém, não é só Bob Odenkirk quem brilha como o personagem-título (ou quase lá). Todo o elenco coadjuvante merece aplausos e, sem entregar muito, os roteiristas dão aos seus personagens dimensões substanciais e verossímeis. De Mike, Kim e Chuck, passando por Howard e Francesca, até Nacho, Hector e Gus, todos protagonizam momentos tensos, engraçados, sensíveis e memoráveis dignos de protagonistas. E os personagens que são recorrentes de Breaking Bad quando roubam a cena não o fazem por serem rostos conhecidos (pois pra mim não são), mas sim por estarem servindo a um enredo engenhoso que se dá o tempo necessário para ser bem desenvolvido. Isso tudo confeccionado com uma fotografia belíssima, uma edição habilidosa e direção(ões) de altíssimo nível. É também notável como que é entregue um conteúdo maduro de qualidade, sem a necessidade de se recorrer a palavrões, nudez, sexo ou violência explícita.
A verdade é que Better Call Saul me deixa num conflito entre perseverar ou abandonar o experimento social-artístico. O que será que Jimmy McGill aconselharia?
Better Call Saul (3a. temporada), 2017
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