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segunda-feira, 26 de junho de 2017

Vida efêmera


Vida abre com um plano sequência que, além de esbanjar sua competência técnica e deslumbrar o espectador, serve para criar uma sensação imersiva, provendo ambientação à geografia do local onde se passará a história e introduzindo os personagens (porque, de tão superficial é a passagem, não chega a ser um 'estabelecendo os personagens' - afinal, com tanto rosto conhecido pra que perder tempo com isto?). Esta imersão, somada ao fato de tudo se desenrolar no presente e muito próximo da Terra, é primordial para a cativar o público e intensificar a tensão que está por vir.


Embora as cenas de suspense sejam executadas com primor e genuíno senso de terror (remetendo em vários níveis a Alien - O Oitavo Passageiro), é uma pena que saiam de um roteiro que cai num pecado irritante e, infelizmente, comum: os personagens simplesmente não agem de forma verossímil e constantemente se colocam nas situações de perigo. Não dá para acreditar que todos de um grupo de cientistas-astronautas (altamente qualificados e exaustivamente treinados) hajam sempre de forma passional e quebrando protocolos. É recorrente no filme alguma variação da frase: "Dane-se... eu vou entrar". Provavelmente a vida mais inteligente ali seja a de Calvin, o marciano. E é igualmente estranho como que todos os recursos (principalmente combustível) se esgotam tão rapidamente. E em especial quando eles são a opção do momento para destruir a criatura.

-Leve spoiler no próximo parágrafo-
A sequência final pode deixar muitos confusos, trazendo à tona até a amarga lembrança do Planeta dos Macacos de 2001. Mas, ao contrário do filme de Tim Burton que não importa quantas vezes seja revisto e analisado o seu desfecho continuará sem sentido, uma segunda conferida na conclusão de Vida dá para perceber que a edição foi deliberadamente realizada de modo a enganar o espectador. Uma trapaceada genial.

No fim das contas, a qualidade de Vida não chega no nível Mel Brooks - Que Droga de Vida, e nem atinge Roberto Benigni - A Vida é Bela.

Mas, podia bem ter tentado Danny Boyle - Por Uma Vida Menos Ordinária.


Vida (Life), 2017




Um comentário:

  1. O grande problema desse filme foi o final totalmente previsível.

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