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segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Sala verde ensopada de vermelho


Como não me aventurei rumo à fronteira final no renascimento de Star Trek em 2009 e me lembrava apenas por alto de Exterminador do Futuro: A Salvação, fiquei desapontando ao perceber que praticamente desconhecia quem era Anton Yelchin, quando da divulgação em massa em junho deste ano da perda deste jovem talento no trágico acidente em que foi esmagado pelo próprio carro. Uma rápida busca por sua filmografia me levou ao elogiado Sala Verde. Sem saber do que se tratava, fui pego despreparado.

Uma banda de punk-rock alternativa resolve aceitar a proposta de se apresentar num isolado bar neo-nazista e seus quatro integrantes acabam inesperadamente envolvidos em uma situação que os leva à luta pela sobrevivência. O que poderia ser um thriller básico, uma espécie de 'Duro de Matar: Origens', acaba se revelando um verdadeiro filme de terror, só que bem pé no chão, sem elementos sobrenaturais.


O que dá destaque à produção é como que seus personagens não agem de forma ingênua ou burra (muito comum neste tipo de filme para impulsionar as ações para os próximos desafios) e como parecem dialogar naturalmente, sem precisar ficar explicando ou dando detalhes para o expectador sobre a dinâmica daquela realidade. Eles estão cientes e isto basta. Da mesma forma, não há necessariamente arcos e situações armadas no início da trama que irão se mostrar recompensadoras no final. As coisas simplesmente acontecem. Isto cria uma sensação de imprevisibilidade que constantemente pega o público de surpresa.

Terceiro longa-metragem de sua carreira, o diretor Jeremy Saunier demonstra em Sala Verde competência técnica aliada a uma sensibilidade artística que transita com frequência entre o experimental e o blockbuster de ação. Ele não se esquiva da violência, nem poupa o espectador da sanguinolência, mantendo em progresso um senso de urgência inquietante.

Sua criação é tematicamente superficial, mas não deixa de ser um comentário não somente ao punk, mas à juventude em si. Rebeldes apenas por serem rebeldes e fazendo questão de externar este status quo para a sociedade, tem uma cena específica que poderia sintetizar esta ideia. Questionados sobre qual banda levariam a uma ilha deserta, fazem questão de apontar ícones da rebeldia como Black Sabbath e Misfits. Depois, em um momento em que baixam a guarda, a revelação sincera aponta para nomes como Simon & Garfunkel e Prince. E, sem entregar muito, os diálogos que encerram o longa cravam o sentimento que parece permear muitos jovens atualmente, punks ou não.

O eterno bom moço (bom senhor?) Patrick "Professor Xavier, Capitão Picard" Stewart surge atipicamente como um vilão, contido e sem trejeitos, mas sempre uma figura ameaçadora. Porém, o destaque é mesmo o elenco jovem, sobretudo Anton Yelchin. Mais uma grande promessa que se foi cedo demais.

Sala Verde (Green Room), 2015




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