Não me lembro bem, mas conta-se que aos 08 anos de idade eu
não recebi muito bem a notícia de que iria ter um irmão. Provavelmente era o
natural ciúme de criança falando. Claro que após o nascimento a rejeição foi
embora e fiz questão de participar ativamente da sua infância.
Porém, também não me lembro bem o porquê, (mas provavelmente
era a natural busca pela individualidade de adolescente falando) uma atitude se
apoderou de mim nesta época. Como um Dom Cobb passei a plantar pequenas ideias
na mente dele para que não gostasse exatamente das mesmas coisas que eu. Não
sei como fiz e se de fato fui o único (ou principal) responsável por isto, mas
o fato é que meu irmão decidiu ser cruzeirense e passou a preferir George Lucas
a Spielberg, Eric Clapton a Dire Straits, Boston Celtics a Los Angeles Lakers.
É, eu era uma pessoa horrível, mas só sei que passei a me arrepender
amargamente depois.
Tenho certeza que ele não tem o que reclamar porque, tirando
o lance do George Lucas, ele acabou se dando muito bem, afinal Eric Clapton é
melhor guitarrista que Mark Knopfler, o Celtics continua com mais títulos que o
Lakers, e o Cruzeiro... errr... bom, não vamos falar dos últimos 20 e poucos
anos do Galo, né? Mas como eu disse, passada a crise da adolescência, meu
arrependimento veio forte porque percebi que, com a incompatibilidade de
gostos, acabamos tendo menos oportunidade para passar mais tempo fazendo coisas
juntos.
O que me consola é acreditar que, no melhor estilo Corra
Lola Corra, estas minhas interferências possam ter, mesmo que minimamente,
influenciado sua vida e ajudado indiretamente na escolha do seu curso e da sua
universidade, que acarretou em seu encontro com esta maravilhosa pessoa com
quem se casa no dia de hoje. E, sendo assim, então volto a ter a consciência
tranquila, certo de que contribuí para a felicidade que tomará conta de sua
vida.
É isso aí Zé, você compensou todas as chutadas que você já deu na cabeça do Mateus até hoje ;-)
ResponderExcluirAfinal, irmão mais velho é pra isso mesmo! \o/