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quarta-feira, 28 de abril de 2021

Espairecida pós Oscar


Pensando em retrospecto, nem sei porque decidi assistir Godzilla vs. Kong, já que dos três filmes lançados do tal MonsterVerse, eu havia visto apenas um, Kong: A Ilha da Caveira (ignorando o primeiro, Godzilla de 2014, e pulando o terceiro, Godzilla II: Rei dos Monstros). Por outro lado, sei bem porque vi o filme: queria uma diversão grandiosa em que eu não precisasse pensar muito - apenas sentar e curtir. Eu só não sabia que, mesmo com um elenco respeitável desses, eu teria era que desligar o cérebro totalmente para aguentar personagens inexistentes, com diálogos ridículos, na quase uma hora e meia que "preenche" a meia hora de diversão grandiosa.

Godzilla vs. Kong (idem), 2021




Prato cheio para quem é fã de Borat e Jackass, Bad Trip é concebido como se os irmãos Farrelly resolvessem fazer uma de suas comédias escrachadas usando pessoas reais e desavisadas como figurantes nas suas costumeiras cenas, digamos, inusitadas. O humor predominante tosco e grosseiro não é para todos (definitivamente não é para a família), mas algumas sequências conseguem arrancar boas risadas. Os créditos finais oferecem um pouco de alívio do sentimento de culpa que fica no espectador ao mostrar os bastidores das reações de algumas das vítimas das pegadinhas, após a revelação da verdade.

Bad Trip (idem), 2021




Num mundo pós John Wick e Atômica, há pouca novidade em Anônimo, com sua violência ao mesmo tempo crua e performática. Ainda que tenha um roteiro bem básico, que invoca a ultrapassada essência dos filmes dos anos 1980 da masculinidade por meio da brutalidade, o longa até funciona supreendentemente bem, especialmente por conseguir vender Bob Odenkirk como um herói de ação. Mais conhecido por papéis mais falastrões e cômico-irônicos, mas que demandam pouca fisicalidade, como o Saul Goodman de Breaking BadBetter Call Saul, fica a torcida para que o ator não decida se transformar em um novo Liam Neeson.

Anônimo (Nobody), 2021




quarta-feira, 21 de abril de 2021

Noscardamus 2021

Sem delongas, em negrito, meus palpites sobre quem serão os premiados com Oscar.

Atualização: sublinhados, os vencedores.


MELHOR FILME

Meu pai
Judas e o messias negro
Mank
Minari - Em busca da felicidade
Nomadland
Bela vingança
O som do silêncio
Os 7 de Chicago


MELHOR DIREÇÃO

Thomas Vinterberg (Druk - Mais uma rodada)
David Fincher (Mank)
Lee Isaac Chung (Minari - Em busca da felicidade)
Chloé Zhao (Nomadland)
Emerald Fennell (Bela vingança)


MELHOR ATRIZ

Viola Davis (A voz suprema do blues)
Andra Day (Estados Unidos Vs Billie Holiday)
Vanessa Kirby (Pieces of a woman)
Frances McDormand (Nomadland)
Carey Mulligan (Bela vingança)


MELHOR ATOR

Riz Ahmed (O som do silêncio)
Chadwick Boseman (A voz suprema do blues)
Anthony Hopkins (Meu pai)
Gary Oldman (Mank)
Steve Yeun (Minari)


MELHOR ATRIZ COADJUVANTE

Maria Bakalova (Borat: fita de cinema seguinte)
Glenn Close (Era uma vez um sonho)
Olivia Colman (Meu pai)
Amanda Seyfried (Mank)
Yuh-Jung Youn (Minari - Em busca da felicidade)


MELHOR ATOR COADJUVANTE

Sacha Baron Cohen (Os 7 de Chicago)
Daniel Kaluuya (Judas e o messias negro)
Leslie Odom Jr. (Uma noite em Miami)
Paul Raci (O som do silêncio)
Lakeith Stanfield (Judas e o messias negro)


MELHOR FILME INTERNACIONAL

Druk - Mais uma rodada (Dinamarca)
Shaonian de ni (Hong Kong)
Collective (Romênia)
O homem que vendeu sua pele (Tunísia)
Quo vadis, Aida? (Bósnia e Herzegovina)


MELHOR ROTEIRO ADAPTADO

Borat: fita de cinema seguinte
Meu pai
Nomadland
Uma noite em Miami
O tigre branco


MELHOR ROTEIRO ORIGINGAL

Judas e o Messias negro
Minari - Em busca da felicidade
Bela vingança
O som do silêncio
Os 7 de Chicago


MELHOR ANIMAÇÃO



MELHOR FOTOGRAFIA

Judas e o messias negro
Mank
Relatos do mundo
Nomadland
Os 7 de Chicago


MELHOR EDIÇÃO

Meu pai
Nomadland
Bela vingança
O som do silêncio
Os 7 de Chicago


MELHOR TRILHA SONORA

Destacamento blood
Mank
Minari - Em busca da felicidade
Relatos do mundo
Soul


MELHOR CANÇÃO ORIGINAL

"Fight for you" (Judas e o messias negro)
"Hear my voice" (Os 7 de Chicago)
"Husa'vik" (Festival Eurovision da Canção: A saga de Sigrit e Lars)
"Io sì" (Rosa e Momo)
"Speak now" (Uma noite em Miami)


EFEITOS VISUAIS



MELHOR DIREÇÃO DE ARTE

Meu pai
A voz suprema do blues
Mank
Relatos do mundo
Tenet

MELHOR FIGURINO

Emma
A voz suprema do blues
Mank
Mulan
Pinóquio


MAQUIAGEM E CABELO

Emma
Era uma vez um sonho
A voz suprema do blues
Mank
Pinóquio


MELHOR SOM

Greyhound: Na mira do inimigo
Mank
Relatos do mundo
Soul
O som do silêncio


COMENTÁRIO: Houve algumas surpresas, mas nada absurdo - quase sempre o "favorito" foi ali desbancado pelo "provável segundo colocado". De qualquer forma, atingi meu recorde pessoal de erros este ano, sete (doze acertos em dezenove), alguns deles até bem vindos.


sábado, 17 de abril de 2021

Grandes mistérios, telas pequenas

 

Com uma Kaley Cuoco indo bem além da Penny de Big Bang Theory, The Flight Attedant é essencialmente um whodunnit que se envereda em conspirações corporativas e acerta nas doses de humor, drama e thriller. Claramente embasada nas clássicas histórias de assassinato, a série se torna moderna e ágil ao recorrer a truques na edição e na dinâmica escolhida para os semi-flashbacks/ imersões no inconsciente da protagonista. 

The Flight Attendant (1a. temporada), 2020




Sempre imaginei uma produção com orçamento decente e que ambientasse os folclores nacionais nos dias atuais com uma trama repleta de suspense e mistério. E eis que surge Cidade Invisível, série da Netflix comandada pelo hollywoodiano Carlos Saldanha, que quase entrega o esperado. Enquanto o ponto alto é o mistério, a parte do suspense deixa a desejar e a cenografia e as atuações não conseguem superar muito os padrões de uma novela global. Vale o esforço de fazer fantasia à brasileira, mas tinha potencial para ser melhor. Quem sabe na inevitável segunda temporada?

Cidade Invisível (1a. temporada), 2021




Depois de uma primeira temporada intrigante, Servant volta ainda melhor, talvez por estar mais focada em aprofundar nos seus mistérios em vez de tentar ampliar o escopo ou expandir o universo - estratégia muito comum na maioria das séries. A produção consolida seu humor peculiar, mas concentra em seus esforços em dar um passo a mais em direção ao terror, embora, para alívio do público, não entregue um episódio tão aterrorizante quanto o nono da temporada anterior. O trabalho de direção de todos episódios é de primeira qualidade, a grande maioria realizada por mulheres, uma inclusive a jovem filha de M. Night Shyamalan. 

Servant (2a. Temporada), 2021




domingo, 4 de abril de 2021

A rodada saideira pré-Oscar

 

Intitulado em homenagem à planta que vem de outro país e que consegue se enraizar em praticamente qualquer terreno, crescer e dar frutos, Minari - Em Busca da Felicidade se apresenta como uma visão realista e honesta da experiência dos imigrantes coreanos nos anos 1980 em busca do sonho americano. E até é, mas pelos conflitos que decide dar foco, este drama se parece muito mais com um sobre lutas comuns a casais em uma situação de mudança da cidade grande para o campo. Baseado na infância do diretor-roteirista Lee Isaac Chung, o longa não consegue se desvencilhar das armadilhas de uma autobiografia e traz um desfecho fácil, um tanto implausível, óbvio em sua simbologia e confuso sobre os valores que gostaria de passar.

Minari - Em Busca da Felicidade (Minari), 2020




Por "obrigação" devido à corrida do Oscar, Meu Pai entrou na minha fila para assistir meio que a  contragosto, dado o assunto costumeiramente (e naturalmente)  tratado de forma pesada no cinema - a demência senil. Mas, o longa surpreende com uma abordagem diferente e interessante, ao mesmo tempo cativante, aterrorizante e intensa, sem ser desrespeitosa, exagerada ou insensível. Indicado a Filme, Roteiro Adaptado, Ator, Atriz Coadjuvante (Olivia Colman) Direção de Arte e Montagem, o filme faz por merecer cada uma delas, especialmente Anthony Hopkins, arrebatador aos 83 anos de idade.

Meu Pai (The Father), 2020




Embora bem dirigido do ponto de vista técnico e de condução dos atores (destaque óbvio para Mads Mikkelsen), o dinamarquês Druk - Mais Uma Rodada patina um pouco nas escolhas narrativas. Tragicomédia, se leva a sério demais na parte cômica enquanto na parte dramática não abraça totalmente a responsabilidade de prover uma mensagem clara sobre seu tema. Não que todo filme tenha que ter algo a dizer, mas a sequência final, embora memorável, faz um desserviço para o alcoolismo - o que poderia até ser aceitável se, cenas antes, a história tivesse trilhado por outros caminhos.

Druk - Mais Uma Rodada (Druk), 2020