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sábado, 31 de dezembro de 2022

Deixando 2022...

 Chegou aquele momento de fazer minha lista dos melhores do ano (considerando os que eu consegui ver, claro):

01. Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo

02. Top Gun: Maverick

03. Glass Onion: Um Mistério Knives Out

04. Athena

05. Pinóquio (de Guillermo del Toro)

06. Avatar: O Caminho da Água

07. Argentina, 1985

08.  Decisão de Partir

09. O Predador: A Caçada

10. Não! Não Olhe!


Se fosse para considerar também os de 2021 que foram lançados aqui no Brasil (ou no streaming) somente em 2022, a lista ficaria assim:

01. Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo

02. O Beco do Pesadelo

03. Top Gun: Maverick

04. Glass Onion: Um Mistério Knives Out

05. Athena

06. Dois Minutos Além do Infinito

07. Flee - A Fuga

08. Pinóquio

09. Avatar: O Caminho da Água

10. Argentina, 1985


sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

Quemquefoi


Um pouco mais ambicioso (e talvez até por isto com um pouco menos de foco) que Entre Facas e Segredos, o novo mistério com o detetive Benoit Blanc, Glass Onion, fica um pouquinho aquém do seu antecessor, mas não decepciona. Mais uma vez Rian Johnson entrega um roteiro redondo, inteligente, divertido e cheio de reviravoltas e se faz valer de um elenco com nomes de peso (e de uma série de pontas), em que Janelle Monáe se destaca facilmente.

Glass Onion: Um Mistério Knives Out (Glass Onion: A Knives Out Mystery)




Tirando a parte que comentei sobre Mycroft (presente neste segundo filme somente em uma foto), minha opinião sobre Elona Holmes 2 poderia ser simplesmente um CTRL+C, CTRL+V das impressões que tive do primeiro filme. Os únicos pontos (positivos) a acrescentar é que a continuação não perde o foco em Enola, mesmo expandindo o universo do Sherlock, e a incorporação elementos de fatos reais na trama funciona adequadamente bem.

Enola Holmes 2 (idem), 2022




Com uma pegada bem britânica e um quê de Wes Anderson, Veja Como Eles Correm não é dos filmes de mistério mais surpreendentes, mas é uma diversão que vale o tempo e que se destaca acima da média. A metalinguagem casual dá um charme adicional à deliciosa química entre Saoirse Ronan e Sam Rockwell. O que sobra mesmo é o gostinho de "quero mais história" com esta dupla improvável de protagonistas.

Veja Como Eles Correm (See How They Run), 2022




Embora beba diretamente da fonte de uma das principais referências do gênero, Morte no Nilo não consegue muito tirar a sensação de um whodunnit genérico. Da cadeira de diretor, Kenneth Branagh repete os acertos de Assassinato no Expresso Oriente, mas também os erros, acrescentando ainda mais um: esticar a duração do filme com dois (!) prólogos totalmente dispensáveis, um em flashback na I Guerra e outro em Londres.

Morte no Nilo (Death on the Nile), 2022




quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

De visionários e artesãos



Confesso que Avatar me deixou embasbacado quando vi no cinema (meu primeiro IMAX na vida), mas sem gerar uma longevidade cultural. No fim das contas, a história e os personagens não tiveram o poder de me cativar. Assim, as expectativas para a continuação estavam bem baixas e quase fui ver Avatar: O Caminho da Água "por obrigação". E, sim, novamente temos uma trama simplista, com mensagens bem básicas sobre ecologia, capitalismo e família, mas agora há uma clara evolução nos diálogos e no desenvolvimento de personagens. O visual novamente é nada menos que espetacular, seja em sequências de ação de tirar o fôlego ou simplesmente em momentos contemplativos da natureza exuberante de Pandora, e o grande feito é que são raríssimos os momentos em que o espectador sente que está assistindo a imagens geradas no computador e não a filmagens "de verdade".

Avatar: O Caminho da Água (Avatar: The Way of Water)




O título original em inglês é útil para distinguir este Pinóquio de tantas outras adaptações do livro de Carlo Collodi (duas até lançadas neste mesmo ano) e também para pontuar que, sendo de quem é, esta versão não é para as crianças muito pequenas. Morte, fascismo e conflito entre pais e filhos são os temas principais desta animação que, se não especificamente destinada a adultos, certamente os encanta com um stop-motion deslumbrante.

Pinóquio (Guillermo del Toro's Pinocchio), 2022




segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

Amor, morte e robôs


Visualmente inventivo e narrativamente ousado (mas, também por isso às vezes confuso), Decisão de Partir é um neo-noir coreano com uma boa pegada hitchcockiana. Impactante, como era de se esperar do cineasta Park Chan-wook, o fiel da balança na avaliação final é o quanto o público se conecta emocionalmente com os protagonistas, discutivelmente antipáticos e que constantemente tomam decisões questionáveis.

Decisão de Partir (Heojil kyolshim), 2022




Com um elenco respeitável, que no fim das contas entrega boas atuações, Armageddon Time gera expectativas que não consegue cumprir seu potencial. O roteiro quase não foge do típico "filme de amadurecimento" e quando tenta arriscar não se aprofunda nem entrega nada memorável. Certamente um filme pessoal para James Gray, semiautobiográfico até, mas que não sei se conectará pessoalmente com tantos espectadores que o diretor imagina.

Armageddon Time (idem), 2022




"Nós fazemos coisas incríveis, mas difíceis de explicar para leigos... mas, um robô geólogo em Marte é algo bem relacionável." É esta afirmação de um engenheiro da NASA em Boa Noite Oppy que parece ter norteado os realizadores do documentário. E não estavam errados. Acertando a mão entre depoimentos e "encenações" na superfície do planeta vermelho (com efeitos especiais de primeira) , o longa vem servido com uma trilha sonora relevante (tanto original, quanto de compilação) para entregar inesperadamente uma jornada com pouca tecnicalidade e emoção de sobra.

Boa Noite Oppy (Good Night Oppy), 2022




quarta-feira, 16 de novembro de 2022

Quase reais: dos brutais ao esquisito


Às vezes "novelinha", mas na maior parte do tempo um épico nato, A Mulher Rei traz novos ares e perspectivas às já tradicionais recriações hollywoodianas de cenários históricos pouco conhecidos. O grande feito é que a diretora Gina Prince-Bythewood consegue convencer que aquelas mulheres são guerreiras poderosas, de forma realista e visceral, e ainda arranca uma atuação pujante de Viola Davis, aos 57 anos esbanjando vigor e presença física.

A Mulher Rei (The Woman King), 2022




Assim como em um 1917 ou um Gravidade, a maestria técnica de Athena não é meramente um exercício, mas uma decisão acertada para envolver e criar uma ambientação narrativa empolgante (de forma que não importa muito se a história é rasa e os personagens pouco desenvolvidos). O longa francês é fictício, mas abertamente se inspira em fatos reais e perturbadores, deixando sutilezas de lado para cravar sua mensagem. 

Athena (idem), 2022




"Cite um gênio criativo que não tenha um passado tumultuoso, envolvendo drogas, álcool e uma fúria assassina bem no coração da selva". É com esta fala que "Weird Al" se desculpa com outros personagens ao final de Weird: The Al Yankovic Story. Mas, justamente por não ter tido nada disto na sua vida real - e por ser um dos maiores parodistas de todos os tempos, é que o roteiro é, claro, meramente uma paródia de cinebiografias. Funciona melhor para quem tem familiaridade com (e curte) o estilo e a obra do cara (meu caso), podendo parecer, mesmo com menos de 2h de duração, longo demais para os demais.

Weird: The Al Yankovic Story (idem), 2022




sexta-feira, 4 de novembro de 2022

Ação desenfreada


Mal recebido pela crítica, Trem-Bala é daqueles filmes que só funciona para quem embarca despretensiosamente e se deixa levar pelo seu estilo e sua atmosfera - que podem ser definidos como um Guy Ritchie mais exagerado e avacalhado (no bom sentido).  Os papéis secundários e as pontas surpresas são uma graça à parte e o diretor David Leitch, embora não repita a proeza técnica de  Atômica, entrega uma boa dose de cenas de ação violentas e divertidas.

Trem-Bala (Bullet Train), 2022


Dentro de Thor: Amor e Trovão existem dois filmes competindo entre si: um divertido, quase besteirol, centrado nas aventuras de Thor, Korg e vários personagens improváveis (como alienígenas, deuses absurdos e cabras gigantes); e outro sombrio, com temáticas pesadas, motivado pelas histórias de fundo do vilão Gorr e da vida pessoal de Jane Foster. Individualmente, ambos têm seus momentos inspirados e poderiam se destacar mais, mas unidos formam um longa sem identidade que não consegue equilibrar bem as constantes guinadas de tom. 

Thor: Amor e Trovão (Thor: Love and Thunder), 2022




Pelo pouco que li, adicionando ao também pouco que sabia sobre os movimentos de independência da Índia, RRR: Revolta, Rebelião, Revolução é como um encontro imaginário de um Tiradentes faixa preta em caratê com, sei lá, um Frei Caneca bombadão. A falta de contexto histórico, no entanto (e portanto), não impede que o espectador comum se divirta (e se sensibilize) com este bromance épico que, entre sequências de ação alucinadas e intervenções musicais bollywoodianas,  de alguma forma consegue não descambar para o pastelão e passa sua mensagem anti-imperialista respeitosamente.

RRR: Revolta, Rebelião, Revolução (RRR (Rise Roar Revolt)), 2022


sexta-feira, 28 de outubro de 2022

Terror ou travessuras

No clima mórbido do fim-de-semana de eleiç... errmm... halloween:


Morte Morte Morte é o Pânico (e o pânico) de riquinhos da Geração Z, que canaliza suas prioridades, preocupações e "traumas" para construir uma narrativa que tanto depende delas para desenrolar quanto também comenta sobre elas. Atrapalha um pouco os personagens serem praticamente todos desagradáveis ou antipáticos (embora isto seja um dos pontos), mas há bastante o que apreciar neste semi-slasher semi-whodunnit bem escrito, bem filmado e bem atuado.

Morte Morte Morte (Bodies Bodies Bodies), 2022




Aparentemente também conhecido no Brasil como Noites Brutais, Barbarian é um terror nato que só abraça abertamente o gênero ao fim do primeiro ato para, vejam só, prender o público com um pulo inesperado para o segundo ato. O diretor estreante em longas, Zach Cregger, esbanja talento na criação da atmosfera arrepiante, ainda que seu roteiro ande arriscadamente na linha tênue entre colocar um ponto de vista e simplesmente ser insensível por utilizar como artifício alguns temas preocupantes e aterradores da atualidade.

Barbarian (idem), 2022




Praticamente uma homenagem aos clássicos de terror das décadas de 1930 e 1940, Lobisomem na Noite tem muito de filme de super herói, ainda que destoe bastante de outras produções do selo Marvel. Curto (menos de 1h de duração) e eficiente, a produção mostra que Michael Giacchino, um dos grandes compositores de trilhas cinematográficas da atualidade, também tem bom tino pra direção. 

Lobisomem na Noite (Werewolf by Night), 2022




sexta-feira, 30 de setembro de 2022

Marilyn, Elvis e outras treze vidas

 

Por um lado, Blonde navega dentro dos padrões de uma cinebiografia usual, com uma natureza episódica - apenas selecionando rápidas passagens da vida da personalidade em foco. Por outro, faz uma abordagem não convencional, meio lírica e por vezes fantasiosa, ajudada por várias transições inventivas, mas atrapalhada por constantes mudanças de formato de tela e de cor para preto-e-branco, sem propósito narrativo aparente. Ana de Armas entrega uma atuação digna de prêmios, neste (longo) longa que a exige chorar ou estar desamparada no começo, no meio, no final ou em toda a duração de praticamente 100% das cenas. Se o propósito dos realizadores era "desglamourizar" a figura de Marilyn Monroe, bateram a meta por muito. Faltou só mudar o título para "A Vida de Merda de Norma Jeane".

Blonde (idem), 2022




Com seu estilo enérgico e extravagante, Baz Luhrmann mascara as armadilhas tradicionais de um roteiro de cinebiografia e apresenta Elvis (pelo menos a figura pública e sua obra) a toda uma nova geração. Ao escolher contar a história sob o ponto de vista do (ou comentada pelo) seu polêmico empresário (estranhamente retratado por Tom Hanks de forma quase caricata), ainda consegue trazer à tona novas perspectivas para as gerações anteriores. Destaque, claro, para Austin Butler no papel principal e para a meticulosa caracterização de época - cenários e figurinos. 

Elvis (idem), 2022




A competência e a experiência de Ron Howard transparecem em Treze Vidas: O Resgate, mais outra incursão do diretor em histórias reais. Evitando clichês óbvios e se esquivando do melodrama, o longa-metragem é didático na medida certa para amplificar a tensão e ajudar o espectador a entender a geografia e o que está em jogo. Funciona melhor ainda para quem tem poucas lembranças do episódio ou nunca procurou saber de detalhes do mesmo.

Treze Vidas: O Resgate (Thirteen Lives), 2022




terça-feira, 27 de setembro de 2022

Top, regular e não OK


Mais do que nostalgia do primeiro filme (com várias referências, situações análogas e até alguns flashbacks), Top Gun: Maverick é nostalgia do TIPO de filme da época do primeiro filme. Claro que isto vem com uma dose de probleminhas, mas o tempo e a experiência permitiram a construção de uma continuação bem superior ao original, principalmente nas questões técnicas (agora impecáveis). O segredo principal é que o roteiro desenvolve novos personagens interessantes, enquanto cria novas camadas para os antigos, e sabe posicionar muito bem o que está em jogo na missão (...vejam bem...) impossível, deixando o espectador totalmente pilhado para (e vidrado no) terceiro ato. 

Top Gun: Maverick (idem), 2022




Tem muito de Tudo Por Uma Esmeralda (até uma referência quase que direta em um cartaz) em Cidade Perdida, mas no fim das contas o longa passa longe de se nivelar com o clássico dos anos 1980: os alegados problemas de bastidores (o estúdio queria um tipo de filme enquanto os realizadores outro) acabam transparecendo em tela. A bem dosada mescla de humor com aventura e o carisma (e química) do elenco acabam salvando a produção de ser algo totalmente descartável e esquecível.

Cidade Perdida (The Lost City), 2022




No começo de Influencer de Mentira, uma personagem alerta a protagonista sobre o risco de um texto seu ser insensível ou de errar no tom de determinado assunto. E, embora tenha muitos acertos e um desfecho corajoso e perspicaz, esta sátira relevante tenta equilibrar tantos temas delicados que acaba sofrendo exatamente do que a protagonista foi alertada.

Influencer de Mentira (Not Okay), 2022