Hoje recebi um e-mail de um amigo que trazia uma pergunta bastante interessante: "O que tem achado da investida em temas da doutrina espírita no cinema nacional?" Religião, junto com política, sexo, futebol e o final de Lost, é sempre um assunto polêmico, mas nem por isto devemos evitá-lo. Por isto resolvi transformar a resposta em post.
Certamente a pergunta surgiu devido ao sucesso de Nosso Lar, os recentes Chico Xavier e Bezerra de Menezes - O Diário de Um Espírito e, provavelmente, a novela global Escrito nas Estrelas.
Devido a um post de Maio, pode parecer que sou contra esta investida, pois, em um rápido momento de desilusão com a criatividade no cinema (pré-A Origem, claro), citei estes filmes enquanto escrevia justamente sobre as enxurradas de produções em torno dos mesmos temas. Porém, não é verdade.
Sou católico, praticante, mas sempre fui criado com uma mente muita aberta, no sentido de aceitar a crença das outras pessoas e respeitar suas convicções. Além de considerar isto uma correta atitude cristã, isto me permitiu apreciar, sem preconceito, vários filmes que pregavam outras doutrinas. Aliás, essa investida em temáticas espíritas não é exclusiva do cinema nacional, várias produções famosas de Hollywood que me agradaram já se pautaram pelo espiritismo. Vale lembrar de Ghost – Do Outro Lado da Vida (o maior sucesso de Patrick Swayze), Amor Além da Vida (com Robin Williams), Um Olhar do Paraíso (do Peter Jackson), Além da Eternidade (do Spielberg), entre várias outras. Inclusive, um dos filmes que acho vão marcar este ano é Hereafter, produzido pelo próprio Spielberg e dirigido pelo Clint Eastwood (vejam o trailer).
Independente da orientação religiosa, é necessário ao menos respeitar estas obras cinematográficas e, se tiverem as qualidades essenciais, saber apreciá-las. Afinal, é necessário acreditar em alienígenas para se gostar dos filmes de ficção científica que existem por aí?

Da parte das produtoras, claro que existe um grande interesse financeiro por trás disso tudo. Não é a toa que já foi anunciada a pré-produção de Nosso Lar 2, baseado em um outro livro psicografado, de outro nome, do mesmo espírito. Mas é assim que qualquer indústria funciona: investir no que está dando certo, para se ter mais lucro. E o cinema é uma indústria. A prática do cinema americano é basicamente esta: deu dinheiro, vamos fazer uma continuação.
Os conspiracionistas podem sugerir que há uma “invasão espírita” na sociedade brasileira, que estão querendo mudar a orientação religiosa das pessoas, etc, etc. Mas isto é uma grande balela. Se não for apenas interesse financeiro dos produtores, e os apoiadores do espiritismo tiverem mesmo arrumado um meio eficiente para catequizar as pessoas, parabéns a eles. Afinal, o princípio básico de todas as religiões é a conversão do próximo (“Ide e evangelizai", não temos isso?). E isto é totalmente válido se for feito de uma forma saudável e respeitosa (não quer ver, basta não ir ao cinema, existem umas 7 salas por shopping com outros filmes). Quando descobrimos algo que julgamos ser muito bom e que poucos conhecem (uma promoção na internet, um novo restaurante, um filme, etc), não tentamos de imediato divulgar às pessoas que gostamos? O espírito é o mesmo (perdão do trocadilho). E um filme pode despertar forte interessante na pessoa, mas ela não será convertida simplesmente por causa dele.
Acho que os conspiracionistas deviam se preocupar é com o fato do filme do Lula ter sido anunciado ontem como o pré-candidato ao Oscar pelo Brasil, em plena véspera de eleição... Iiiih, entrei em outro tema polêmico. Vamos falar do final de Lost então, hehehe, porque o Galo tá osso!